da Agência Folha, em Fortaleza

Em sua estréia por trás das câmeras, Florinda Bolkan diz que tem procurado se inspirar nos diretores italianos Luchino Visconti e Vittorio De Sica, com quem trabalhou na Itália.
De Luchino Visconti, Bolkan procurou repetir a riqueza na construção dos diálogos e o rigor estético.
A sutileza ao filmar as tensões emocionais é o aspecto mais relevante que Bolkan resgata da experiência com De Sica.
Bolkan credita a Visconti sua entrada na carreira de atriz. Foi numa das famosas oficinas ministradas pelo diretor na Itália que ela foi descoberta.
Bolkan afirma que foi no filme "A Queda dos Deuses", dirigido por Visconti, que começou a ganhar prestígio como atriz.
"Eles são mestres insuperáveis e é claro que me influenciaram diretamente", declara Florinda Bolkan, que está considerando o trabalho de direção "por demais prazeroso".
Bolkan conta que o nome do filme surgiu antes do roteiro. "Eu estava conversando com uns amigos sobre minha infância e de repente eu soltei a frase de que eu não conhecia Tururu. Um deles fixou-se na sonoridade de Tururu e disse que eu tinha um filme nas mãos", diz.
Tururu é o nome de uma cidade vizinha a Uruburetama, onde Bolkan nasceu e costumava passar suas férias na infância. Era em Tururu que ela descia quando fazia o trajeto de trem.
Mesmo não aparecendo no filme, Tururu é o local do acontecimento que serve como fio condutor da história.
"As irmãs vão ficar falando o tempo todo de algo que aconteceu em Tururu, mas vocês só vão saber o que é vendo o filme", afirma.
Tururu é conhecida por abrigar uma comunidade endogâmica de 70 famílias negras. Eles vivem na localidade de Conceição dos Caetanos e só se casam com membros da própria comunidade.
Bolkan disse que não colocará a situação de segregação racial vivida pelo negros de Conceição dos Caetanos em seu filme. "Acho que isso é questão localizada e não tem relação com a história que surgiu na minha cabeça", diz. (PM)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice