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Casa do Baile vira centro cultural
RANIER BRAGON
em Belo Horizonte
A Casa do Baile, tradicional ponto de encontro de políticos e da alta
sociedade mineira nas décadas de
40 e 50, foi restaurada e é o mais
novo centro cultural da cidade.
A casa esteve abandonada por
muito tempo e foi algumas vezes
arrendada à iniciativa privada, o
que levou a sua descaracterização.
Projetada pelo arquiteto Oscar
Niemeyer no início da década de
40, a casa, um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte, levou um ano para ser restaurada.
Cerca de R$ 40 mil foram gastos
nas reformas. As instalações comerciais dos antigos inquilinos foram retiradas, e a parte elétrica e
hidráulica foi reformada. A casa
recebeu nova pintura e os jardins
foram recuperados.
O ponto mais difícil da reforma,
segundo a diretora do Museu de
Arte da Pampulha, Priscila Freire,
foi a troca dos tacos estragados. Segundo ela, 250 m2 do piso estavam
inutilizados, e a madeira original,
peroba do campo, não existe mais.
Foi utilizada outra madeira, garapeira extra, mas a coloração não
ficou igual.
A Casa do Baile receberá exposições e mostras ligadas à arquitetura, urbanismo e à história da Pampulha. Ela será gerenciada por uma
comissão formada por Priscila
Freire, pelo secretário Municipal
da Cultura, Luís Dulci, e pela administradora regional da Pampulha, Maria Cristina Rodrigues.
Para estrear o novo espaço multiuso, acontece, até 24 de agosto, a
mostra "A Arquitetura e a Vida",
organizada pelo Museu de Arte
Contemporânea de Niterói.
A exposição reúne cinco grandes
painéis retangulares com esboços
e textos do arquiteto Oscar Niemeyer. Neles, estão retratados os
principais trabalhos de Niemeyer e
suas opiniões sobre arquitetura.
Niemeyer foi amigo e colaborador do arquiteto francês Le Corbusier, pseudônimo de Charles-Edouard Jeanneret, a grande influência profissional de sua vida.
No início dos anos 40, foi convidado para projetar o conjunto arquitetônico da Pampulha. Lá está
um de seus trabalhos preferidos, a
igreja de São Francisco de Assis.
Segundo Priscila, a reforma da Casa do Baile foi acompanhada com
muito interesse por Niemeyer.
Depois, veio Brasília. "Ah, Brasília. Quantos desconfortos. A terra hostil, coberta de poeira ou encharcada com a pesada chuva do
cerrado." Essa é uma das frases do
arquiteto sobre a construção da
capital exposta na Casa do Baile.
Niemeyer projetou todos os prédios administrativos de Brasília, e
Lúcio Costa projetou a cidade.
Uma frase reproduzida na mostra "A Arquitetura e a Vida" revela a paixão de Niemeyer pela curva:
"Não é o ângulo reto que me atrai.
Nem a linha reta. Dura, inflexível,
criada pelo homem. O que me atrai
é a curva sensual que encontro nas
montanhas do meu país, no curso
sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher
bonita".
Mostra: A Arquitetura e a Vida
Onde: Casa do Baile (av. Otacílio Negrão de
Lima, 751, Pampulha, Belo Horizonte)
Quando: até 24 de agosto
Quanto: grátis
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