São Paulo, segunda, 29 de junho de 1998

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Casa do Baile vira centro cultural

RANIER BRAGON
em Belo Horizonte

A Casa do Baile, tradicional ponto de encontro de políticos e da alta sociedade mineira nas décadas de 40 e 50, foi restaurada e é o mais novo centro cultural da cidade.
A casa esteve abandonada por muito tempo e foi algumas vezes arrendada à iniciativa privada, o que levou a sua descaracterização.
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer no início da década de 40, a casa, um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte, levou um ano para ser restaurada.
Cerca de R$ 40 mil foram gastos nas reformas. As instalações comerciais dos antigos inquilinos foram retiradas, e a parte elétrica e hidráulica foi reformada. A casa recebeu nova pintura e os jardins foram recuperados.
O ponto mais difícil da reforma, segundo a diretora do Museu de Arte da Pampulha, Priscila Freire, foi a troca dos tacos estragados. Segundo ela, 250 m2 do piso estavam inutilizados, e a madeira original, peroba do campo, não existe mais. Foi utilizada outra madeira, garapeira extra, mas a coloração não ficou igual.
A Casa do Baile receberá exposições e mostras ligadas à arquitetura, urbanismo e à história da Pampulha. Ela será gerenciada por uma comissão formada por Priscila Freire, pelo secretário Municipal da Cultura, Luís Dulci, e pela administradora regional da Pampulha, Maria Cristina Rodrigues.
Para estrear o novo espaço multiuso, acontece, até 24 de agosto, a mostra "A Arquitetura e a Vida", organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
A exposição reúne cinco grandes painéis retangulares com esboços e textos do arquiteto Oscar Niemeyer. Neles, estão retratados os principais trabalhos de Niemeyer e suas opiniões sobre arquitetura.
Niemeyer foi amigo e colaborador do arquiteto francês Le Corbusier, pseudônimo de Charles-Edouard Jeanneret, a grande influência profissional de sua vida.
No início dos anos 40, foi convidado para projetar o conjunto arquitetônico da Pampulha. Lá está um de seus trabalhos preferidos, a igreja de São Francisco de Assis. Segundo Priscila, a reforma da Casa do Baile foi acompanhada com muito interesse por Niemeyer.
Depois, veio Brasília. "Ah, Brasília. Quantos desconfortos. A terra hostil, coberta de poeira ou encharcada com a pesada chuva do cerrado." Essa é uma das frases do arquiteto sobre a construção da capital exposta na Casa do Baile. Niemeyer projetou todos os prédios administrativos de Brasília, e Lúcio Costa projetou a cidade.
Uma frase reproduzida na mostra "A Arquitetura e a Vida" revela a paixão de Niemeyer pela curva: "Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta. Dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva sensual que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher bonita".

Mostra: A Arquitetura e a Vida
Onde: Casa do Baile (av. Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha, Belo Horizonte)
Quando: até 24 de agosto
Quanto: grátis



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