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Show responde a pretensa tristeza
de Londres
"Me sinto estúpido esta noite",
disse Michael Stipe ao abrir o primeiro show da turnê "Up", do
REM, em Londres, na última terça-feira, no Earls Court Pavillion.
Ao contrário da fragilidade sugerida pelo vocalista com essa introdução, a banda norte-americana
fez um show pesado, guitarras distorcidas, ritmo acelerado.
Velhos hits, como "The One I Love", "It's the End of the World" e
"The Finest Worksong", reapareceram em roupagem dinâmica,
frenética, reinterpretadas em cada
detalhe.
O show funcionou como uma
resposta às recentes críticas que
vêm dizendo que o REM está se
tornando uma banda triste e lamuriosa, como inspiram as letras
cheias de lirismo do CD "Up".
Durante duas horas de espetáculo, Peter Buck, Mike Mills e Michael Stipe dispensaram os hits
melódicos em favor de faixas menos óbvias e mais roqueiras de discos dos anos 90, como "Monster" e
"New Adventures in the Hi-Fi".
As cerca de 18 mil pessoas presentes (lotação máxima) puderam
também ouvir piadas, pequenas
fábulas filosóficas com animais como personagens e um trecho ("não
lembro o resto da música") de
"Unsuspicious Minds", de Elvis
Presley.
Do mais novo disco, "Up", a banda atacou com as canções mais introspectivas: "Daysleeper", "At my
Most Beautiful" e "Suspicious".
O REM nasceu como uma "college band", totalmente independente e de formato musical tradicional
(guitarra, baixo e bateria) e limitado. Para alcançar o estrelato, a
banda se apoiou nas letras tocantes, na performance de Michael
Stipe, nos arranjos sutis e nas melodias inspiradas.
Hoje, depois de cerca de 45 milhões de discos vendidos, o grupo
ainda mantém a postura e a agressividade de uma banda de rock escolar. Renunciando ao espetáculo
de arena, a banda se revela frágil e
sincera, como Stipe ao comandar a
multidão, gesticulando e fugindo
para trás do palco: "I thought that I
heard you laughing" ("pensei tê-los ouvido rir").
(SC)
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