São Paulo, segunda-feira, 29 de julho de 2002

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Nova York sofre forte invasão bowieniana

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Apesar de por definição ser britânico, o verdadeiro David Bowie vem se identificando cada vez mais com sua máscara nova-iorquina. Primeiro, porque o músico de Brixton já mora há quase tanto tempo nos Estados Unidos quanto morou na Inglaterra.
Segundo porque seus últimos discos -principalmente o mais recente, "Heathen"- sofrem cada vez mais influência dos acontecimentos da cidade -principalmente o ataque terrorista de 11 de setembro. Mas não se trata de um caso de amor não correspondido.
Nova York vive nos últimos dias uma verdadeira invasão bowieniana. Assim, desde a semana passada está em cartaz na cidade uma cópia restaurada do documentário "Ziggy Stardust and The Spiders from Mars", rodado em 1973 por D.A. Pennebaker.
Nele, o autor do seminal "Monterey Pop" (1969) ajuda a tornar conhecido mundialmente o glam-rock ao registrar o show de Bowie como o andrógino personagem-título naquela noite no Hammersmith Odeon, em Londres. Por problemas autorais, não seria exibido senão uma década depois, mas mesmo assim fez a cabeça de toda uma geração.
Inclusive no cinema. Sem "Ziggy" não existiriam "Velvet Goldmine", de Todd Haynes, nem "Hedwig - Rock, Amor e Traição", de John Cameron Mitchell. Na verdade, sem "Ziggy" não existiriam nem mesmo os próprios Haynes e Mitchell, como este último declara numa das últimas edições do semanário "The Village Voice".
Além disso, até o dia 15 de setembro, o Museum of Television and Radio de Nova York exibe "David Bowie, Sound and Vision", exposição que reúne material em áudio e vídeo dos arquivos pessoais do músico, como entrevistas, documentários semiinéditos e registros de performances.
O motivo da mostra, dividida em cinco partes, são os 30 anos de "Ziggy Stardust", o disco. Entre as preciosidades, a primeira seção traz uma série de vídeos promocionais filmados por Mick Rock que o lendário crítico de rock Lester Bangs definiu como "o exato momento em que nascia o videoclipe da era moderna".
A segunda parte retrata a estréia de Bowie nos shows de estádio e sua chegada aos Estados Unidos. Na terceira, estão seu show no programa humorístico "Saturday Night Live" e trechos raros de apresentações na Alemanha e no Japão. Há ainda sua primeira aparição na TV, nos anos 60, em que ele lançou a "liga contra a discriminação dos cabeludos".
Por fim, Nova York recebe nesta sexta-feira o show Area: Two, em que Bowie divide o palco com o organizador do evento, Moby, e o rapper Busta Rhymes. O festival passa por 12 cidades e traz entre suas atrações The Avalanches, Carl Cox, Digweed, Dieselboy e The Blue Man Group.

Na internet: Museum of Television and Radio: http://www.mtr.org



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