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Nova York sofre forte invasão bowieniana
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Apesar de por definição ser britânico, o verdadeiro David Bowie
vem se identificando cada vez
mais com sua máscara nova-iorquina. Primeiro, porque o músico
de Brixton já mora há quase tanto
tempo nos Estados Unidos quanto morou na Inglaterra.
Segundo porque seus últimos
discos -principalmente o mais
recente, "Heathen"- sofrem cada vez mais influência dos acontecimentos da cidade -principalmente o ataque terrorista de 11 de
setembro. Mas não se trata de um
caso de amor não correspondido.
Nova York vive nos últimos dias
uma verdadeira invasão bowieniana. Assim, desde a semana
passada está em cartaz na cidade
uma cópia restaurada do documentário "Ziggy Stardust and
The Spiders from Mars", rodado
em 1973 por D.A. Pennebaker.
Nele, o autor do seminal "Monterey Pop" (1969) ajuda a tornar
conhecido mundialmente o
glam-rock ao registrar o show de
Bowie como o andrógino personagem-título naquela noite no
Hammersmith Odeon, em Londres. Por problemas autorais, não
seria exibido senão uma década
depois, mas mesmo assim fez a
cabeça de toda uma geração.
Inclusive no cinema. Sem
"Ziggy" não existiriam "Velvet
Goldmine", de Todd Haynes,
nem "Hedwig - Rock, Amor e
Traição", de John Cameron Mitchell. Na verdade, sem "Ziggy"
não existiriam nem mesmo os
próprios Haynes e Mitchell, como
este último declara numa das últimas edições do semanário "The
Village Voice".
Além disso, até o dia 15 de setembro, o Museum of Television
and Radio de Nova York exibe
"David Bowie, Sound and Vision", exposição que reúne material em áudio e vídeo dos arquivos
pessoais do músico, como entrevistas, documentários semiinéditos e registros de performances.
O motivo da mostra, dividida
em cinco partes, são os 30 anos de
"Ziggy Stardust", o disco. Entre as
preciosidades, a primeira seção
traz uma série de vídeos promocionais filmados por Mick Rock
que o lendário crítico de rock Lester Bangs definiu como "o exato
momento em que nascia o videoclipe da era moderna".
A segunda parte retrata a estréia
de Bowie nos shows de estádio e
sua chegada aos Estados Unidos.
Na terceira, estão seu show no
programa humorístico "Saturday
Night Live" e trechos raros de
apresentações na Alemanha e no
Japão. Há ainda sua primeira aparição na TV, nos anos 60, em que
ele lançou a "liga contra a discriminação dos cabeludos".
Por fim, Nova York recebe nesta
sexta-feira o show Area: Two, em
que Bowie divide o palco com o
organizador do evento, Moby, e o
rapper Busta Rhymes. O festival
passa por 12 cidades e traz entre
suas atrações The Avalanches,
Carl Cox, Digweed, Dieselboy e
The Blue Man Group.
Na internet: Museum of Television and Radio: http://www.mtr.org
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