São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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GASTRONOMIA

VINHOS

País vizinho deve chegar à liderança dos importados no mercado brasileiro

Argentina se renova para ter espaço internacional

JORGE CARRARA
ENVIADO ESPECIAL A MENDOZA

Classificados em segundo lugar no ranking de vinhos importados em 2003 (atrás apenas do Chile), os vitivinicultores argentinos se preparam para assumir neste ano a liderança no Brasil.
Qualidade para isso não falta. Nos últimos dez anos, a indústria vitivinícola do país passou por um processo de renovação de vinhedos e cantinas destinada a aprimorar os seus vinhos, alinhando-os com as preferências do mercado internacional.
Um giro pelos terrenos vinícolas platinos permite ver claramente a transformação que teve lugar e o nível que alcançaram os exemplares argentinos.
Em matéria de vinhos, o coração do país ainda é Mendoza, mas outras províncias, como Salta e San Juan já mostram bons goles. Abaixo, alguns dos destaques e novidades vindos de Mendoza:
Bodega O. Fournier: nova adega -fruto de capitais espanhóis- que conta com tintos intensos elaborados principalmente com uvas Tempranillo (claro traço da sua origem ibérica). Urban Uco é o vinho básico, agradável e com boa fruta; Bcrux é o intermediário, mais encorpado; e Acrux, o topo da casa: denso e estruturado.
O da safra 2002, degustado lá, é o melhor provado até agora, integrante do primeiro time argentino. A linha Acrux deve ganhar também um Malbec 2002 (concentrado, macio e persistente) de tirar o chapéu. Vale a pena aguardar por eles (importados pela Grand Cru, tel. 0/xx/11/3062-6388).
Finca Sophenia: outra novidade. Sophenia foi fundada em 1997 por Roberto Luka (ex-executivo de Finca Flichman). Apesar da sua juventude, seus vinhos impressionaram bem de ponta a ponta.
No canto mais simples estão os Altosur, com menção para o Malbec 2003, redondo e saboroso. Um degrau acima se encontram os Finca Sophenia, um conjunto de varietais bem feitos, onde outro Malbec 2003 de paladar amplo e longo teve grande desempenho. É bom ficar de olho nesta casa (Expand, tel. 0/xx/11/4613-3333).
Bodegas Salentein: os seus Finca El Portillo continuam sendo umas das melhores opções custo-benefício argentinas. No topo do seu portfólio, a Salentein ganhou um novo integrante: o Primus Merlot safra 02 (que deve desembarcar em breve no Brasil), um vinho com boa textura e expressão de fruta em boca, sem dúvida a nova estrela da adega. (Wine House, tel. 0/xx/11/3704-7313).
Bodegas Trapiche: suas origens remontam ao século 19, mas seus vinhos têm perfil muito atual. Na visita foram provadas cerca de 20 amostras, todas com qualidade consistente. Brilharam os Fond de Cave, como o Chardonnay 2003, intenso e elegante, e o Bonarda, também 2003, um novo tinto da linha, muito interessante, marcado por aromas e sabores de geléias e compotas. (Impexco, tel. 0/xx/21/2424-1624).
Viña Doña Paula: empreendimento do grupo chileno Claro, proprietário da Viña Santa Rita. A firma tem belos tintos e brancos, com marcantes características de fruta. Os melhores? Difícil escolher. Lá foi degustada uma dúzia de vinhos e a nota mais baixa foi 85 pontos em 100. Mas o destaque geral foi o Doña Paula Sauvignon Blanc 2003, delicioso no nariz e na boca, talvez o melhor Sauvignon Blanc do país, e com o Selección de Bodega 2002, um tremendo tinto de paladar cativante, aveludado e muito persistente (importadora Grand Cru).


O colunista Jorge Carrara viajou a Mendoza a convite da Wines of Argentina


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