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Banda se afasta cada vez mais dos "refletores"
DA SUCURSAL DO RIO
O que esperar de uma entrevista com uma das melhores bandas brasileiras,
boa vendedora de discos e
integrante agora do catálogo
da maior gravadora do país?
Um cenário preparado, banners promocionais, executivos à volta? Em se tratando
de Los Hermanos, esqueça.
A entrevista de quarta-feira foi marcada no Aurora,
simples e tradicional restaurante de Botafogo (zona sul
do Rio), um dos preferidos
de Marcelo Camelo. A divulgadora da banda juntou as
mesas meia hora antes. Não
houve reservas nem se fechou o estabelecimento para
o "trabalho de imprensa",
como é comum acontecer.
Não havia ninguém do estafe da multinacional Sony
BMG. Na hora das fotos, os
quatro se recusaram a posar
agachados. Mostraram-se
pouco à vontade e, assim como nas fotos de divulgação,
simularam estar dançando,
com o objetivo assumido de
criar um contraste com o clima melancólico do CD.
Quando a entrevista começou, Rodrigo Amarante
ligou o próprio gravador e
colou no do repórter. "Não é
nada pessoal", avisou. Boa
parte da conversa girou, metalingüisticamente, em torno do próprio ato de dar entrevistas. "Toda entrevista
nossa termina com um
questionamento: para que
serve dar entrevista? Mas dar
entrevistas nos obriga a formalizar pensamentos de um
jeito diferente do que comumente fazemos. Isso é bom."
O curioso é que os quatro
estudaram jornalismo. Hoje,
estão do "outro lado" e são
críticos. "Acho um crime
aquelas matérias em que o
artista fala de cada faixa. É
empobrecedor", diz Bruno
Medina. Segundo ele, a banda deseja cada vez menos estar sob os refletores. "É petulante falar de envelhecimento com seis anos de carreira e
27 anos de idade, mas quanto mais o tempo passa, mais
você se torna observador em
vez de ator", diz.
Depois de 45 minutos de
uma conversa recheada de
silêncios, os gravadores se
desligaram após uma frase
de Barba sobre o trabalho do
grupo: "É o que é para ser".
(LFV)
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