São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2005

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Banda se afasta cada vez mais dos "refletores"

DA SUCURSAL DO RIO

O que esperar de uma entrevista com uma das melhores bandas brasileiras, boa vendedora de discos e integrante agora do catálogo da maior gravadora do país? Um cenário preparado, banners promocionais, executivos à volta? Em se tratando de Los Hermanos, esqueça.
A entrevista de quarta-feira foi marcada no Aurora, simples e tradicional restaurante de Botafogo (zona sul do Rio), um dos preferidos de Marcelo Camelo. A divulgadora da banda juntou as mesas meia hora antes. Não houve reservas nem se fechou o estabelecimento para o "trabalho de imprensa", como é comum acontecer.
Não havia ninguém do estafe da multinacional Sony BMG. Na hora das fotos, os quatro se recusaram a posar agachados. Mostraram-se pouco à vontade e, assim como nas fotos de divulgação, simularam estar dançando, com o objetivo assumido de criar um contraste com o clima melancólico do CD.
Quando a entrevista começou, Rodrigo Amarante ligou o próprio gravador e colou no do repórter. "Não é nada pessoal", avisou. Boa parte da conversa girou, metalingüisticamente, em torno do próprio ato de dar entrevistas. "Toda entrevista nossa termina com um questionamento: para que serve dar entrevista? Mas dar entrevistas nos obriga a formalizar pensamentos de um jeito diferente do que comumente fazemos. Isso é bom."
O curioso é que os quatro estudaram jornalismo. Hoje, estão do "outro lado" e são críticos. "Acho um crime aquelas matérias em que o artista fala de cada faixa. É empobrecedor", diz Bruno Medina. Segundo ele, a banda deseja cada vez menos estar sob os refletores. "É petulante falar de envelhecimento com seis anos de carreira e 27 anos de idade, mas quanto mais o tempo passa, mais você se torna observador em vez de ator", diz.
Depois de 45 minutos de uma conversa recheada de silêncios, os gravadores se desligaram após uma frase de Barba sobre o trabalho do grupo: "É o que é para ser". (LFV)


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