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ARTES PLÁSTICAS
Sob o título "Blocos sem Fronteiras", evento recorrerá às idéias de Oiticica para tentar transformar o espectador
Curadores prometem crítica e política na Bienal-06
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"A próxima Bienal de São Paulo
será crítica e política", afirmou a
curadora Lisette Lagnado, responsável pela exposição mais importante do país, que está prevista
para outubro do próximo ano. A
declaração foi dada ontem, em
entrevista coletiva, no prédio da
Bienal, para marcar o primeiro
encontro de todos os responsáveis conceituais da mostra.
Os quatro co-curadores foram
anunciados com elogios de Lagnado e com agradecimentos em
resposta. "Se eu soubesse que esse
seria o primeiro projeto de Rosa
Martínez na América Latina, teria
feito um convite duplo", afirmou
a curadora.
Martínez, uma das responsáveis
pela Bienal de Veneza, em cartaz
na Itália, foi identificada como curadora com caráter "independente", assim como o brasileiro
Adriano Pedrosa, atualmente curador da trienal Insite, em San
Diego e Tijuana.
"Procurei fazer um balanço, eles
são mais independentes, enquanto José Roca e Cristina Freire são
ligados à instituições", disse Lagnado.
O colombiano Roca trabalha na
Biblioteca Luis Angel Arango, em
Bogotá, e a brasileira Freire, no
Museu de Arte Contemporânea.
Foi anunciada ainda a arquiteta
responsável pela montagem da
Bienal, Marta Vieira Bogéa.
Sob o título "Blocos sem Fronteiras", a Bienal terá o viés crítico e
político a partir das idéias do artista Hélio Oiticica (1937-1980),
inspirador do conceito da mostra.
"Havia duas coisas que o Hélio
tentava combater: a idéia de representação, e por isso acabamos
com as representações nacionais,
e o sentido ético na arte, de não se
preocupar que as obras fossem
apenas belas, mas pudessem
transformar o espectador, que é o
que ele chama de "desestetização"
da arte", explicou Lagnado.
Segundo a curadora, "é muito
ambicioso dizer que todas as
obras que estarão na Bienal vão
transformar os visitantes". "Esse é
nosso desafio", completa. Lagnado, entretanto, afirma que o político a ser abordado será o do caráter micro, no qual se pode transformar de fato as pessoas, já que
"vivemos num período de crise da
macropolítica e está claro o fim
das utopias".
Apesar de a mostra principal ter
início em outubro, a Bienal começa sua programação já em janeiro,
com um seminário dedicado ao
questionamento das instituições
de arte, inspirado no artista belga
Marcel Broodthaers (1924-1976),
a cargo de um curador convidado, o alemão Jochen Volz, atualmente trabalhando no Centro de
Arte Contemporânea Inhotim, do
colecionador Bernardo Paz. Ao
longo de 2006, outros seminários
irão ocorrer, assim como estão
previstas residências de artistas
brasileiros e estrangeiros em várias partes do país.
Os curadores anunciaram também a realização de viagens de
pesquisa para a concepção da Bienal, que devem ser organizadas
em reunião hoje. "Ásia, África e
Oriente Médio serão regiões privilegiadas em nossas visitas", afirmou Pedrosa.
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