COLUNISTA DA FOLHA

Não é que o Espírito Santo tenha a pretensão de servir uma grande cozinha: nem sequer tem ambição de ser restaurante. É um bar, mas, tendo inspiração portuguesa, não poderiam faltar pratos que fizessem jus à prosaica mesa ibérica.
Pois um almoço ali pode lembrar a atmosfera das tascas portuguesas. Principalmente se for às sextas-feiras, quando a cidade se agita desde cedo, e o ambiente ruidoso, os tira-gostos no balcão e o uniforme dos garçons remetem aos botecos lisboetas.
E a cozinha também evoca esta viagem sentimental, claro. Ela é supervisionada pela consultora Ana Soares (o chef executivo é Paulo Ramos) e tem dois pratos de bacalhau: o mexido (desfiado com ovo e batatas) e o tricolor (em lascas com tomate e brócolis). Mas o mais desejado é servido somente de quinta a domingo: a posta de bacalhau assada com batata ao murro e cebola.
Além disso, tem bolinho (que dia desses doía a língua de tanto sal), tem picadinho (com arroz, pastel, banana à milanesa e farofa), que se tivesse uma carne mais saborosa que filé mignon daria um gosto, e tem, voltando à terrinha, sobremesas como pastel de Santa Clara (folhado com doce de ovo) que, no entanto, não superam a cremosa rabanada com sorvete de creme e canela, que deve ser um dos orgulhos da casa. (JM)

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