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MÚSICA
Formada por filhos de pastores e com apenas um ano e meio de vida, banda de Tennesse (EUA) aposta na sonoridade setentista
Kings of Leon prega a "salvação" do rock
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
O mais novo nome a excitar o
rock não vem da fábrica de boas
bandas de Nova York (Strokes,
Yeah Yeah Yeahs), nem tem formação bizarra de guitarra e bateria e só (White Stripes). Não é
britpop choroso (Coldplay), não
fala aos ETs (Radiohead).
A música pop tem o orgulho de
apresentar o Kings of Leon, um
quarteto à antiga de som incrivelmente básico e uma história bastante rica, que por si só já desperta
o interesse. Para resumir:
1. a banda é um caso de família,
formada por membros do clã Followill: três irmãos e um primo;
2. vem do improvável Tennessee (EUA);
3. é uma espécie de boy band
das guitarras, pois o integrante
mais velho tem 22 anos. O mais
novo tem 16;
4. o histórico familiar dos garotos inclui o céu e o inferno. O pai,
depois de amargar temporada entre drogas pesadas e prisão, encontrou a "salvação" e virou pastor, passando a percorrer a região
do Mississippi para pregar a palavra do Senhor, com os meninos
no banco de trás.
Para uma banda que tem apenas um ano e meio de vida, o
Kings of Leon já tem uma carreira
impressionante. Neste ano arrancaram elogiosas críticas em apresentações no gigante festival britânico Glastonbury e no itinerante Lollapalooza, americano. O álbum de estréia, "Youth & Young
Manhood", que sai no Brasil, alcançou o terceiro lugar na parada
inglesa dos mais vendidos.
A Folha conversou com o teenager Matthew Followill, considerado genial prodígio da guitarra.
O Kings of Leon estava em Salt
Lake City para mais um show de
uma turnê americana. Matthew,
18, é o primo, no grupo.
Folha - Há uma grande badalação
no rock em torno do Kings of Leon.
Vocês já eram "kings" (reis) antes
mesmo de lançar o primeiro disco.
Isso assusta um grupo jovem como
vocês, ou vocês querem mais é se
divertir com esse oba-oba?
Matthew Followill - Está engraçado, na verdade. É incrível toda
essa atenção para uma banda como a nossa, que faz um rock básico. A parte ruim é que temos que
trabalhar bastante para justificar
essa expectativa. Mas é maravilhoso viajar bastante, conhecer
novas pessoas e ficar até tarde nos
bares e clubes.
Folha - Descreva o primeiro álbum do Kings of Leon, que está
sendo lançado agora.
Followill - Ele é apenas um disco
muito simples de rock à moda antiga, com tudo no lugar: duas guitarras, bateria e baixo. E feito com
muita diversão. Não entendo por
que essa excitação toda por causa
de um disco de rock tão simples.
Talvez até seja por isso mesmo.
Há uma nova onda legal de rock
retrô e acho que nos colocaram
dentro dela.
Folha - Sobre a banda vir de uma
família de pastores, é verdade que
quando a mãe dos outros Followill
não estava no carro botando para
tocar música evangélica o pai colocava Rolling Stones e Jimi Hendrix?
Followill - Viemos de uma criação bem difícil, pobre e religiosa.
Quando você vive em condições
como essa, só tem a igreja para se
agarrar. Além disso, a música
sempre esteve presente em nossas
vidas. Passamos a infância ou
cantando em corais ou ouvindo
música gospel dentro do carro. E,
quando minha tia não estava com
a gente, meu tio botava em estações de rádios de rock velho, que
ele gosta. Aprendemos a gostar de
rock assim.
Folha - O que mais vocês ouvem
na música?
Followill - Gostamos de rock antigo, como Allman Brothers e Neil
Young. As pessoas dizem que somos o Lynyrd Skynyrd [banda do
Alabama de country rock, dos
anos 70] tocando como os Strokes. Não acho que tenha algo a
ver. Eu nem conhecia os Strokes
quando gravamos o disco. Mas de
todo modo eu adoro Lynyrd
Skynyrd e Strokes, hoje.
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