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São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2003
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MÚSICA/LANÇAMENTOS ROCK Projeto faz parceria com o grupo de Chicago junto a participações especiais Minus 5 coloca em disco altos e baixos da vivência com Wilco
SHIN OLIVA SUZUKI DA REDAÇÃO A idéia de que "o sucesso dos amigos também pode ser o seu", algo que poderia ter saído de um livro sobre carreiras de executivos, casa-se bem à trajetória do grupo Minus 5 e de seu recém-lançado CD, "Down with Wilco". O título acima já explica bastante. Wilco é a banda que andava um pouco esquecida até o ano passado, quando, aos trancos e barrancos, conseguiu lançar a obra-prima "Yankee Hotel Foxtrot". O álbum arrebatou a paixão da crítica e do público norte-americanos, que, desde então, seguem atentos os próximos passos do conjunto de Chicago. Natural, assim, que houvesse um interesse maior pelo disco do Minus 5, na verdade um projeto paralelo do músico de Seattle Scott McCaughey, que tem como prioridades o grupo Young Fresh Fellows e o trabalho como membro da banda de apoio do REM. E "Down with...", assim como o aclamado registro dos colegas, também transita entre o country, o pop, os arranjos a partir de sintetizadores e o psicodélico, mas, além de ter sua beleza própria, dificilmente pode ser acusado de oportunismo. O disco vem sendo pensado desde 1999 por McCaughey, que partilhou das iminentes turbulências dentro do Wilco. "O sucesso deles realmente ajudou a promover esse disco, mas quando entramos de fato no estúdio, em 2001, o Wilco não tinha nem sequer uma gravadora, ninguém sabia quem iria lançar "Yankee Hotel Foxtrot'", diz McCaughey em entrevista à Folha, por telefone, de Seattle. O músico se refere ao imbróglio que resultou na demissão do Wilco pelo selo Reprise, afiliado à gravadora Warner, e sua subsequente contratação pelo Nonesuch, um braço da... Warner. O Minus 5 viveu problemas similares, ao ver sua então companhia, a Mammoth Records, ser dissolvida no ano passado e assim ter de correr pelos direitos para lançar "Down with Wilco" depois de um ano e meio. "No showbusiness de hoje, histórias desse gênero ocorrem normalmente. Você não pode deixar algo assim te desanimar; deu certo para o Wilco no final, e o mesmo aconteceu comigo." E McCaughey teve de ser forte mesmo; além de todos os conflitos burocráticos, a gravação do álbum foi iniciada em meio ao choque nacional: "Começamos a gravar em 10 de setembro de 2001, e no dia seguinte, você sabe... Foi difícil continuar a tocar a partir daquele ponto. Nós paramos, passamos pela sensação terrível de assistir àquelas imagens durante o dia inteiro, mas nós decidimos que era preciso prosseguir e fomos aos instrumentos". Na feitura de "Down with Wilco", McCaughey atuou como uma espécie de maestro, orientando as participações especiais que ainda incluíram o "patrão" Peter Buck, guitarrista do REM, o líder dos High Llamas, Sean O'Hagan, e Ken Stringfellow, dos Posies. O time ajudou a moldar as "canções tristes e serenas", a concepção por trás do nascimento do Minus 5 nas palavras de seu próprio fundador. Aqui e ali, é possível reconhecer o toque alheio por meio do apreço de O'Hagan pelos Beach Boys nos arranjos de "The Town that Lost Its Groove Supply", as dedilhadas country do Wilco Jeff Tweedy em "Retrieval of You" e a guitarra Rickenbacker de Buck em "Life Left him There". Por falar no músico do REM, McCaughey avisa que o grupo já possui 12 músicas prontas e deve lançar seu novo registro no próximo verão norte-americano. Na semana que vem, inicia-se mais uma etapa da turnê da banda de Athens, Geórgia, que se apresentou por aqui no histórico show do Rock in Rio 3 (2001), para uma platéia de cerca de 190 mil pessoas. Uma experiência que McCaughey classificou de "insana, além da compreensão". DOWN WITH WILCO. Artista: Minus 5. Gravadora: Sum Records. Quanto: R$ 28, em média. Texto Anterior: Crítica: Grupo espanta com sonoridade madura Próximo Texto: Ruído: Inventores disputam máquina de CDs Índice |
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