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Crítica/"Castelar e Nelson Dantas..."
Documentário faz retrato afetivo de cinema mineiro
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Um trecho de "Bang-Bang" (1970), de Andrea Tonacci ("Serras
da Desordem"), abre "Castelar
e Nelson Dantas no País dos
Generais". Imagens de dezenas
de outros filmes realizados em
Minas Gerais e por cineastas
mineiros em outros lugares
desfilam em seguida. É de uma
cultura cinematográfica, portanto, que trata o documentário de Carlos Alberto Prates
Correia -mineiro de Montes
Claros, fundador do Centro Mineiro de Cinema Experimental,
em Belo Horizonte.
Essa reconstituição afetiva
da trajetória empreendida por
um grupo de cineastas e críticos -que inclui, além de Tonacci e Prates Correia (o Castelar do título), Joaquim Pedro
de Andrade, Alberto Graça e
Schubert Magalhães, entre outros- acompanha sua produção a partir da década de 60 e,
sobretudo, durante o regime
militar de 1964-1985.
Filmes emblemáticos daqueles anos, como "O Padre e a Moça" (1965) e "Os Inconfidentes"
(1971), de Joaquim Pedro, "Perdida" (1975) e "Cabaré Mineiro" (1979), de Correia, e "Memórias do Medo" (1979), de
Graça, revivem em montagem
que alterna seqüências-chave
com narração em off e textos
interpretados por atores.
Prêmio de melhor filme no
Festival de Gramado de 2007,
"Castelar e Nelson Dantas..." se
impõe como documentário de
caráter poético realizado em
homenagem a amigos e parceiros de trabalho, e não facilita a
vida de quem não tenha coordenadas básicas sobre os personagens, mas está longe de se resumir a uma abordagem de interesse localizado sobre as relações entre Minas e o cinema.
A idéia de um certo cinema
para o Brasil, que jamais sai da
pauta, está no pano de fundo
das aventuras do grupo, e talvez
não houvesse indicativo melhor para isso do que a extraordinária presença, nesse contexto intelectual-afetivo, de Humberto Mauro -o mais ilustre dos mineiros no cinema- em
"O Canto da Saudade" (1950).
CASTELAR E NELSON DANTAS
NO PAÍS DOS GENERAIS
Produção: Brasil, 2006
Direção: Carlos Alberto Correia
Onde: a partir de hoje no Bombril
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Avaliação: bom
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