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FREE JAZZ 99 ORBITAL
Duo inglês quer a fama de "um bom filme B"
Divulgação
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Paul Hartnoll, do duo inglês Orbital, durante show sábado, no Homelands Festival, em Dublin |
LUCIANO VIANNA
especial para a Folha,
em Dublin (Irlanda)
Com cinco discos
lançados nos últimos dez anos, o Orbital é um dos mais
respeitados nomes
do techno mundial.
Formado pelos irmãos Paul e Phil
Hartnoll, o grupo é a principal
atração da noite dedicada à música eletrônica do Free Jazz Festival
e terá seu último álbum, "The
Middle of Nowhere", lançado no
Brasil em outubro, pela Warner.
Criado em 1989, no auge do acid
house inglês, o Orbital logo se
transformaria em um dos principais grupos da cena, ao lançar seu
primeiro single, "Chime", hino
do techno inglês da época.
Em 1994, foram a principal atração do Glastonbury Festival, na
Inglaterra. Esse show foi considerado um marco na música eletrônica, provando que não era preciso ter uma banda no palco para
levar à loucura mais de 30 mil pessoas num grande festival.
No último sábado, o Orbital se
apresentou no Homelands Festival, em Dublin, na Irlanda.
Antes do show do grupo, a Folha conversou com Paul e Phil
Hartnoll sobre a carreira do grupo e as apresentações no Brasil,
que acontecem nos dias 15 e 16 de
outubro, no Museu de Arte Moderna do Rio e no Jockey Club de
São Paulo, respectivamente.
Folha - Vocês vão tocar no Brasil num festival de jazz. O que
acham disso?
Phil Hartnoll - Isso é muito
bom. Eu acho que a música eletrônica é bastante similar às improvisações que você ouve no
jazz, especialmente quando você
pega coisas mais obscuras como o
drum'n'bass e o jungle. Os ritmos
e as idéias são totalmente jazz.
Folha - O show do Orbital que
Rio e São Paulo vão ver é aberto
a improvisações ao vivo?
Paul Hartnoll - A gente leva as
bases pré-gravadas e junta com os
nossos samplers em cima do palco. O show pode variar de 50 a 90
minutos. Então, obviamente, estamos sempre tendo que fazer
improvisações durante a apresentação.
Phil - A improvisação vem do
modo como remixamos as faixas
ao vivo. Além disso, também temos as imagens, que, ao vivo, integram as faixas, dando uma nova
dimensão para a nossa música. É
uma improvisação de um modo
diferente.
Folha - Quanto a sua música
ao vivo depende dessa interação entre imagem e som?
Paul - O show do Orbital tem
um grande fator visual. Não temos uma pessoa que fique cantando na frente do palco. Somos
apenas dois caras atrás de um
monte de equipamentos.
Phil - Fomos desenvolvendo isso ao longo dos anos e achamos
essencial, principalmente quando
o espetáculo é num lugar grande.
Folha - O espetáculo no Brasil
será o mesmo que vocês apresentarão esta noite (sábado
passado, em Dublin)?
Paul - Sim, mas no Brasil será
ainda maior. Vamos levar ainda
mais luzes e telões do que no Homelands. Basicamente, dividimos
a apresentação entre músicas do
novo álbum e músicas antigas.
Folha - Qual é a recepção que
vocês esperam do público brasileiro?
Phil - Não tenho a mínima idéia,
mas estou muito animado com a
idéia de poder fazer esses dois
shows no Brasil.
Folha - Vocês conhecem algo
de música brasileira?
Paul - Apenas alguma coisa de
samba. Aqui na Europa existem
muitos artistas que fazem música
inspirados no samba brasileiro.
Eu adoraria descobrir mais, mas
não vamos poder passar muito
tempo no Brasil para pesquisar.
Folha -Vocês pretendem fazer
algum turismo no Brasil?
Paul - Apesar de que vamos
passar muito pouco tempo no
Brasil, teremos um dia livre e é
claro que vamos fazer compras e
procurar conhecer melhor o país.
Folha - Grupos como Orbital,
Chemical Brothers e The Orb
mudaram a concepção das pessoas sobre um show de música
eletrônica, mostrando que ele
pode ser tão vibrante ao vivo
quanto um show de rock. Esse
tipo de espetáculo é uma coisa
normal na Europa, mas no Brasil
está apenas começando e o público tende a estranhar dois homens, teclados e samplers no
palco. Como vocês se sentem
nessa situação?
Phil - Nós não podemos ser
comparados a uma banda. É um
tipo de show bem diferente, outro
universo. É o mesmo que comparar uma orquestra com um grupo
de rock. Você não vai assistir a
uma banda com um monte de
músicos no palco, apenas dois caras improvisando com um monte
de equipamentos eletrônicos.
Folha - A música "The Saint"
(tema do filme "O Santo", com
Val Kilmer) foi o maior sucesso
do Orbital no Brasil. Vocês estão
trabalhando em alguma trilha
sonora no momento?
Phill - Não estamos com nada
fechado, mas deveremos fazer alguma coisa para o filme "The
Beach" ("A Praia", com Leonardo
DiCaprio).
Folha - Vocês se consideram
um grupo de música pop?
Paul - Acho que faz sentido se
você pensar que, hoje em dia, estamos mais populares do que antigamente. Mas não fazemos nenhum trabalho de promoção como um grupo pop faria normalmente.
Phill - Eu não acho que estejamos no mainstream. São dez
anos, cinco álbuns e, por causa
desse tempo de carreira, a gente
conquistou um grande número
de admiradores, o que acaba fazendo com que a gente toque em
lugares como o Brasil.
Paul - Na verdade, queremos
ser lembrados como um bom filme "B", um filme "cult" clássico.
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