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"ALTA FREQUÊNCIA"
Melodrama engenhoso
MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Eu chorei em "Ghost" e
morri de vergonha por isso. A
história de um espírito inconformado com sua morte, visitando
sua estonteante mulher, carregava a dose certa de pieguismo.
Não chorei em "O Sexto Sentido", porque um amigo me contou, sem querer, o final.
Não chorei em "Alta Frequência". O thriller, que foi comparado
a "O Sexto Sentido" pela imprensa americana e mergulha na mesma praia de "Ghost", carrega os
elementos que conduzem um filme engenhoso e melodramático.
Por que melodramático? Porque todos são felizes em demasia
na família Sullivan: um bombeiro
que tem um filho bonitinho e
uma mulher exemplar. Mas a família mais parece ter sido extraída
de um comercial de minivans.
A história se passa em duas épocas distintas, 1969 e 1999, que são
unidas por uma ponte no tempo,
resultado de um fenômeno geofísico inexplicável, uma aurora boreal que acontece a cada 30 anos.
O tira John Sullivan (Caviezel)
encontra em 99 o rádio que foi de
seu pai (Quaid), bombeiro que
morreu num incêndio em 69.
Quando o filho liga o aparelho,
consegue se comunicar com o pai
e avisá-lo de sua morte. O pai sobrevive, mas coloca a vida da mulher em risco, já que ela é enfermeira e tem um maluco dando cabo de enfermeiras.
O filme vai prender a atenção da
platéia. Quem já não pensou na
possibilidade de ter um aparelhinho mágico que pudesse enviar
recados para o passado? "Ei, Senna, cuidado naquela curva." "Ei,
Titanic, cuidado com o iceberg."
O enredo da cinematografia espiritual kardecista de Gregory
Hoblit é sedutor. Mas faltam alguns conflitos pessoais mais verticais. Afinal, disse sempre o velho
Freud, existem mais coisas entre
um pai e um filho do que dita a vã
cinematografia lucrativa.
Alta Frequência
Frequency
Direção: Gregory Hoblit
Produção: EUA, 2000
Com: Dennis Quaid, Jim Caviezel
Quando: a partir de hoje nos cines
Cinearte, Continental, Eldorado e circuito
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