São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2000

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"ALTA FREQUÊNCIA"
Melodrama engenhoso

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eu chorei em "Ghost" e morri de vergonha por isso. A história de um espírito inconformado com sua morte, visitando sua estonteante mulher, carregava a dose certa de pieguismo.
Não chorei em "O Sexto Sentido", porque um amigo me contou, sem querer, o final.
Não chorei em "Alta Frequência". O thriller, que foi comparado a "O Sexto Sentido" pela imprensa americana e mergulha na mesma praia de "Ghost", carrega os elementos que conduzem um filme engenhoso e melodramático.
Por que melodramático? Porque todos são felizes em demasia na família Sullivan: um bombeiro que tem um filho bonitinho e uma mulher exemplar. Mas a família mais parece ter sido extraída de um comercial de minivans.
A história se passa em duas épocas distintas, 1969 e 1999, que são unidas por uma ponte no tempo, resultado de um fenômeno geofísico inexplicável, uma aurora boreal que acontece a cada 30 anos.
O tira John Sullivan (Caviezel) encontra em 99 o rádio que foi de seu pai (Quaid), bombeiro que morreu num incêndio em 69. Quando o filho liga o aparelho, consegue se comunicar com o pai e avisá-lo de sua morte. O pai sobrevive, mas coloca a vida da mulher em risco, já que ela é enfermeira e tem um maluco dando cabo de enfermeiras.
O filme vai prender a atenção da platéia. Quem já não pensou na possibilidade de ter um aparelhinho mágico que pudesse enviar recados para o passado? "Ei, Senna, cuidado naquela curva." "Ei, Titanic, cuidado com o iceberg."
O enredo da cinematografia espiritual kardecista de Gregory Hoblit é sedutor. Mas faltam alguns conflitos pessoais mais verticais. Afinal, disse sempre o velho Freud, existem mais coisas entre um pai e um filho do que dita a vã cinematografia lucrativa.


Alta Frequência
Frequency
   Direção: Gregory Hoblit Produção: EUA, 2000 Com: Dennis Quaid, Jim Caviezel Quando: a partir de hoje nos cines Cinearte, Continental, Eldorado e circuito




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