São Paulo, sábado, 29 de outubro de 2005

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"TICKETS"

Filme com ritmos desiguais desperdiça talento dos diretores

NAIEF HADDAD
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

Pense em uma música que comece como um bolero, ganhe lá pelo meio levada de jazz e acabe em rock. Ainda que interpretada por grandes músicos, é improvável que soe bem. "Tickets" vai por aí: o italiano Ermanno Olmi dá a largada, entrega o bastão ao iraniano Abbas Kiarostami, que o passa para o inglês Ken Loach. Há graça, poesia, bons diálogos, mas o conjunto, com ritmos desiguais, fica aquém da relevância desses três cineastas.
Embarcamos em um trem que corta a Europa rumo a Roma. Olmi apresenta um professor que se encanta por uma mulher mais jovem durante passagem pela Áustria. Durante o percurso, flashbacks se confundem com a imaginação do personagem. O recurso é utilizado à exaustão, cansa.
Kiarostami esboça o conflito: uma senhora espuma arrogância e ansiedade a caminho de uma cerimônia militar. No percurso, um rapaz, em serviço obrigatório, a acompanha. Como sempre em Kiarostami, a sagacidade escorre por diálogos e olhares. Mas talvez pelas limitações impostas pelo formato (tempo e locações restritos), o trecho não se equipara aos melhores filmes dele.
Por fim, Ken Loach filma um grupo de torcedores do Celtics que vai atrás do time escocês em jogo na capital italiana. Quase lá, são roubados por um garoto albanês, mas titubeiam em denunciá-lo. Temperados por humor, o futebol e a política rendem os melhores momentos do filme.


Tickets
  
Direção: Abbas Kiarostami, Ermanno Olmi e Ken Loach
Quando: hoje, às 18h20, no Cine MorumbiShopping; e amanhã, às 22h50, no Frei Caneca Arteplex


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