São Paulo, Segunda-feira, 29 de Novembro de 1999


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RELÂMPAGOS
O alvo do dia

JOÃO GILBERTO NOLL

Ele continuaria a esperar pela dama que lhe prometera não lembrava bem o quê, um filho talvez. Estava na esquina deserta, com um palito entre os dentes. Examinava agora a lembrança de um envelope passando por debaixo da porta. Sua mão tremia na fresta. Era o próprio compasso de armar a intriga. Mas a cabeça refaz a dama cujo nome lhe foge. Disfarça essa aspiração já dilapidada. Cheira a rua em torno. Qual um cachorro sondando o lugar onde se esvaziará. Prepara-se. Deixa a labirintite passar. Aí se alivia. E acerta o alvo ao pé do poste.


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