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RELÂMPAGOS
O alvo do dia
JOÃO GILBERTO NOLL
Ele continuaria a esperar
pela dama que lhe prometera não lembrava bem o quê,
um filho talvez. Estava na esquina deserta, com um palito entre os dentes. Examinava agora a lembrança de um
envelope passando por debaixo da porta. Sua mão tremia na fresta. Era o próprio
compasso de armar a intriga. Mas a cabeça refaz a dama cujo nome lhe foge. Disfarça essa aspiração já dilapidada. Cheira a rua em torno. Qual um cachorro sondando o lugar onde se esvaziará. Prepara-se. Deixa a labirintite passar. Aí se alivia.
E acerta o alvo ao pé do poste.
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