São Paulo, Segunda-feira, 29 de Novembro de 1999


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CINEMA
Cineasta que dirigiu filme de James Bond mostra em Amsterdã o documentário "Me & Isaac Newton"
Michael Apted vive entre fato e ficção

AMIR LABAKI
em Amsterdã

Para o cineasta britânico Michael Apted, o mundo da ficção não é o bastante. O diretor da novíssima aventura de James Bond veio a Amsterdã lançar seu mais novo documentário. "Me & Isaac Newton" participa da mostra competitiva do 12º Festival de Documentários de Amsterdã.
Apted começou sua carreira fazendo documentários nos anos 60. Desde 1963 realiza uma série que retrata o amadurecimento de um grupo da mesma geração.
Paralelamente, a partir dos anos 70, Apted desenvolveu uma bem-sucedida carreira no cinema de ficção. O suspense "Agatha" (1979) e o engajado "Na Montanha dos Gorilas" (1988) eram os títulos mais célebres até sua contratação para rodar "007 - O Mundo Não É o Bastante" (1999).
Por expresso pedido de Apted, o debate de sexta-feira deixou de largo as aventuras de 007. O cineasta não evitou, porém, comentar sua trajetória dividida.
"Tenho duas vidas", assumiu Apted. "Faço filme e faço documentários. Isso, de certa forma, limita o tipo de documentários que posso fazer", reconheceu o cineasta. "Não posso dedicar-me demasiado tempo a seguir uma história. Tenho que fazer documentários conceituais."
Ciência é o tema de "Me & Isaac Newton". Ou melhor, cientistas. "Tentei aproximar as pessoas da ciência. Procurei mostrar cientistas como seres humanos, com sonhos e ambições, e não como "nerds" com roupas estranhas."
Apted elegeu personagens fascinantes, cada um à sua maneira. Um físico dá sequência às teorias de Einstein. Uma bióloga fundou um parque ecológico na África. Um pesquisador indiano estuda formas baratas de melhorar a qualidade da água nos países subdesenvolvidos. Uma especialista em computação explora a inteligência artificial. Um médico dedica a vida à cura do câncer.
Parece árido, mas não é. Apted desenha seus perfis em quatro capítulos: o começo, o trabalho, as descobertas e suas visões do futuro. Sua experiência em Hollywood garante humor e agilidade a uma narrativa baseada sobretudo em entrevistas e escasso material dos arquivos pessoais.
Há três anos Apted fez algo semelhante com artistas em "Inspirations". Mais uma série? "Sim. Dinheiro, esportes e música são os temas que estou estudando", disse à Folha.


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