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DISCO/CRÍTICA
Prince ainda está sufocado em seu ego
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
"Este não é,
definitivamente, um
disco experimental", é o
eufemismo
que o multimúsico Prince vem
usando para definir seu novo
álbum (sim, mais um), "Rave
un2 the Joy Fantastic".
O subtexto é: aquele cara que
em 1982 queria dançar como se
fosse 1999 (era o que dizia na
faixa-furacão "1999") e, agora,
quando finalmente é 1999, resolveu se render aos ditames do
mercadão.
Primeiro, desistiu da jornada
independente dos anos recentes (em que chegou até a lançar
discos pela Internet, sem intermediação das gravadoras) e está de contrato novo em folha
com a Arista (no Brasil, BMG).
Aí, não só abandonou qualquer experimentalismo (o que
por si talvez até fosse uma sorte), como também resolveu fazer tudo do jeitinho como todo
mundo anda fazendo, tal qual
soldadinho de chumbo.
Para isso chamou uma galeria "ilustre" de convidados, encabeçada por Gwen Stefani, da
sub-banda No Doubt, em "So
Far, So Pleased", e por Sheryl
Crow, em "Baby Knows". Parecem cantadas (no público e nas
moças, nada brilhantes afinal),
mais que músicas -saudades
de quando ele cantava com
Chaka Khan, com Mavis Staples...
Como compositor, a coisa
também não vai nada bem -é
só citar que a faixa mais inspirada do disco é o rock "Everyday Is a Winding Road", uma
releitura de... Sheryl Crow.
As do próprio reizinho (que
agora, em crise de personalidade, ora se chama de Prince, ora
daquele "sblurgs" que inventou como símbolo) são desanimadoras.
"Tangerine", até bonitinha,
parece cantiga infantil; "The
Greatest Romance Ever Sold" e
"Strange but True", por exemplo, são de uma vulgaridade
inédita em Prince, mais para
rhythm'n'blues babão (ou
charme de baile funk carioca)
que para o funk-rock que outrora ele sabia tão bem fazer.
Para completar, vários factóides: agora ele fica anunciando
o endereço de seu site (comercial) no final do disco (mais um
exemplo de como música e publicidade começam a se fundir
de forma assustadora); no site
dito-cujo, promete vender na
Rede a "Rave Special Edition",
com "surpresas" que ainda
mantém secretas.
Parece papo de artista que se
sufocou no próprio ego e forja
uma superprodutividade indulgente que só ele finge não
ver que não chega a lugar algum. É muito blablablá para
pouco vintém.
Avaliação:
Disco: Rave un2 the Joy Fantastic
Artista: Prince
Lançamento: BMG
Quanto: R$ 20, em média
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