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FESTIVAL
Nação Zumbi, Sepultura e Mestre Ambrósio comandarão três noites
Abril pro Rock 99 enfrenta a entressafra do pop nacional
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Chegando a sua sétima edição,
o festival pernambucano Abril
pro Rock de 1999 assume o período de entressafra do pop nacional, volta a privilegiar as bandas locais (das 24 atrações, 16
são de Pernambuco) e reduz o
cacife de apostas em nomes totalmente desconhecidos.
A programação, ainda não divulgada oficialmente, escala como atrações principais das três
noites do festival -que acontece de 16 a 18 de abril- as bandas
pernambucanas Nação Zumbi e
Mestre Ambrósio e a mineira/
internacional Sepultura.
"Sempre levamos muito em
conta o momento da cena", justifica o produtor do festival,
Paulo André, 31. "Nesta edição,
ele está mais pernambucano do
que nunca. Nomes daqui como
Mestre Ambrósio, Otto e Cascabulho, que são bem aceitos pela
crítica, ainda não aconteceram
em Recife. As rádios ignoram essas bandas novas."
O momento, então, é de refluxo da euforia que o advento do
mangue beat, em 94, trouxe à cena local. Se antes Pernambuco
exportou nomes para o sul, agora Otto e Mestre Ambrósio, estabelecidos em São Paulo, têm que
fazer o caminho de volta para
conquistar a terra natal.
Paulo André tenta explicar a
dificuldade dentro de casa: "O
público de classe média daqui é
igual ao baiano, de axé, e ao paulista, de pagode, que costumam
ter preconceito contra outros
gêneros. É uma luta contra a corrente desde o início".
De lá vêm ainda Devotos do
Ódio, Faces do Subúrbio, Eddie,
Sheik Tosado -todos já com
passagens anteriores pelo festival e escalados para a noite "pesada"-, mais os estreantes Via
Sat, Matalanamão, Hanagorik,
Spider e Incognita Rap, DJ Dolores e Songo. Escurinho, listado
como representante da Paraíba,
é pernambucano radicado em
João Pessoa.
Fecham o elenco pernambucano os velhos de guerra Lula
Queiroga e a dupla de emboladeiros Caju e Castanha. O primeiro foi, nos anos 80, parceiro
de Lenine. Os últimos, Lenine
resgatou em seu disco "O Dia em
Que Faremos Contato", abrindo-o com uma gravação dos
dois quando eram crianças.
De forasteiros, vêm, além de
Sepultura, Marcelo D2, Arnaldo
Antunes, o sempre maldito Tom
Zé e os novatos -mas já lançados em disco- Farofa Carioca e
Baia e Rockboys.
Nomes internacionais -David Byrne e o ex-líder dos Pixies,
Frank Black- foram cogitados,
segundo ele, mas não aceitaram.
Embora o orçamento, de R$
493 mil, ainda esteja sendo negociado com possíveis patrocinadores, Paulo André afirma
que a crise não coloca em risco a
realização do Abril pro Rock 99.
"O Estado sempre nos apoiou,
e já iniciamos conversações com
o novo governo, com sinalização
positiva. Mas não há risco algum
de não acontecer. Sempre fizemos independente de qualquer
crise, de qualquer coisa."
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