São Paulo, sábado, 30 de janeiro de 1999

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FESTIVAL
Nação Zumbi, Sepultura e Mestre Ambrósio comandarão três noites
Abril pro Rock 99 enfrenta a entressafra do pop nacional

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Chegando a sua sétima edição, o festival pernambucano Abril pro Rock de 1999 assume o período de entressafra do pop nacional, volta a privilegiar as bandas locais (das 24 atrações, 16 são de Pernambuco) e reduz o cacife de apostas em nomes totalmente desconhecidos.
A programação, ainda não divulgada oficialmente, escala como atrações principais das três noites do festival -que acontece de 16 a 18 de abril- as bandas pernambucanas Nação Zumbi e Mestre Ambrósio e a mineira/ internacional Sepultura.
"Sempre levamos muito em conta o momento da cena", justifica o produtor do festival, Paulo André, 31. "Nesta edição, ele está mais pernambucano do que nunca. Nomes daqui como Mestre Ambrósio, Otto e Cascabulho, que são bem aceitos pela crítica, ainda não aconteceram em Recife. As rádios ignoram essas bandas novas."
O momento, então, é de refluxo da euforia que o advento do mangue beat, em 94, trouxe à cena local. Se antes Pernambuco exportou nomes para o sul, agora Otto e Mestre Ambrósio, estabelecidos em São Paulo, têm que fazer o caminho de volta para conquistar a terra natal.
Paulo André tenta explicar a dificuldade dentro de casa: "O público de classe média daqui é igual ao baiano, de axé, e ao paulista, de pagode, que costumam ter preconceito contra outros gêneros. É uma luta contra a corrente desde o início".
De lá vêm ainda Devotos do Ódio, Faces do Subúrbio, Eddie, Sheik Tosado -todos já com passagens anteriores pelo festival e escalados para a noite "pesada"-, mais os estreantes Via Sat, Matalanamão, Hanagorik, Spider e Incognita Rap, DJ Dolores e Songo. Escurinho, listado como representante da Paraíba, é pernambucano radicado em João Pessoa.
Fecham o elenco pernambucano os velhos de guerra Lula Queiroga e a dupla de emboladeiros Caju e Castanha. O primeiro foi, nos anos 80, parceiro de Lenine. Os últimos, Lenine resgatou em seu disco "O Dia em Que Faremos Contato", abrindo-o com uma gravação dos dois quando eram crianças.
De forasteiros, vêm, além de Sepultura, Marcelo D2, Arnaldo Antunes, o sempre maldito Tom Zé e os novatos -mas já lançados em disco- Farofa Carioca e Baia e Rockboys.
Nomes internacionais -David Byrne e o ex-líder dos Pixies, Frank Black- foram cogitados, segundo ele, mas não aceitaram.
Embora o orçamento, de R$ 493 mil, ainda esteja sendo negociado com possíveis patrocinadores, Paulo André afirma que a crise não coloca em risco a realização do Abril pro Rock 99.
"O Estado sempre nos apoiou, e já iniciamos conversações com o novo governo, com sinalização positiva. Mas não há risco algum de não acontecer. Sempre fizemos independente de qualquer crise, de qualquer coisa."



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