São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2001

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MÚSICA

Cantora e compositora esteve no Rio para promover "Acoustic Soul", seu disco de estréia, que acaba de ser lançado

India.Arie é a nova revelação da Motown

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com a chancela da influente Motown (gravadora que se tornou quase um sinônimo da melhor black music produzida nos anos 60), a cantora e compositora India.Arie esteve no Rio, na semana passada. Veio promover "Acoustic Soul", seu disco de estréia, que acaba de ser lançado, simultaneamente, nos EUA e no Brasil.
Para grande parte da garotada norte-americana de hoje, que cresceu ouvindo hip hop e R&B nas FMs, a música de India pode soar meio fora de moda. Basta ouvir "Video", a faixa de trabalho do álbum, para perceber que, apesar de seus 25 aninhos, a compositora e violonista tem como fonte principal de inspiração a soul music dos anos 60 e 70.
"Não me sinto nem um pouco ultrapassada. Acho que a minha música é nova, porque, quando componho, não tento soar como Al Green ou Earth, Wind and Fire", diz ela, com certa firmeza. "Penso que estou dando continuidade a um legado musical. Desse modo me sinto muito nova."
Para aumentar sua crença em uma vertente musical um pouco retrô, India conta com um padrinho de peso. Consta que Stevie Wonder, dos grandes nomes da época de ouro da Motown, teria elogiado seu talento, dizendo: "Um gênio gentil vive na mente, na voz e nas mãos dessa mulher".
"Foram meus pais que me apresentaram a música de Stevie Wonder", conta a cantora, sem esconder a timidez típica de tiete ao falar do ídolo, que só encontrou uma única vez até hoje. Admiração declarada na canção "Wonderful", que fecha o disco.
Outra canção-homenagem, que sugere algumas influências musicais da garota, é "Interlude". A letra é, praticamente, uma lista de grandes nomes da música negra americana: jazzistas, como John Coltrane, Miles Davis e Dizzy Gillespie, aparecem ao lado de mestres do blues, como Robert Johnson, Bessie Smith e Jimi Hendrix.
"Ela foi feita de maneira livre: fui mencionando os nomes que vinham à minha cabeça, espontaneamente", diz India, observando que, em maior ou menor medida, todos eles contribuíram com sua concepção musical.
Segundo India, mais do que uma referência a um gênero musical, o título do disco tem a ver com a essência de sua música. "Foi o violão que abriu a possibilidade para que me tornasse compositora. Por isso meu verdadeiro desejo era fazer um disco baseado na sonoridade do violão."
Então por que há alguns arranjos eletrônicos no disco? "O motivo é que também quero estar nas rádios e tive de incluir coisas do tipo que as pessoas estão acostumadas a ouvir, para poder competir", diz ela, que se identifica mais com as canções românticas e acústicas do disco, como "Ready for Love" e "Back in the Middle". "É disso que realmente eu gosto."



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