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MÚSICA
Cantora e compositora esteve no Rio para promover "Acoustic Soul", seu disco de estréia, que acaba de ser lançado
India.Arie é a nova revelação da Motown
CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Com a chancela da influente
Motown (gravadora que se tornou quase um sinônimo da melhor black music produzida nos
anos 60), a cantora e compositora
India.Arie esteve no Rio, na semana passada. Veio promover
"Acoustic Soul", seu disco de estréia, que acaba de ser lançado, simultaneamente, nos EUA e no
Brasil.
Para grande parte da garotada
norte-americana de hoje, que
cresceu ouvindo hip hop e R&B
nas FMs, a música de India pode
soar meio fora de moda. Basta ouvir "Video", a faixa de trabalho do
álbum, para perceber que, apesar
de seus 25 aninhos, a compositora
e violonista tem como fonte principal de inspiração a soul music
dos anos 60 e 70.
"Não me sinto nem um pouco
ultrapassada. Acho que a minha
música é nova, porque, quando
componho, não tento soar como
Al Green ou Earth, Wind and Fire", diz ela, com certa firmeza.
"Penso que estou dando continuidade a um legado musical. Desse
modo me sinto muito nova."
Para aumentar sua crença em
uma vertente musical um pouco
retrô, India conta com um padrinho de peso. Consta que Stevie
Wonder, dos grandes nomes da
época de ouro da Motown, teria
elogiado seu talento, dizendo:
"Um gênio gentil vive na mente,
na voz e nas mãos dessa mulher".
"Foram meus pais que me apresentaram a música de Stevie
Wonder", conta a cantora, sem
esconder a timidez típica de tiete
ao falar do ídolo, que só encontrou uma única vez até hoje. Admiração declarada na canção
"Wonderful", que fecha o disco.
Outra canção-homenagem, que
sugere algumas influências musicais da garota, é "Interlude". A letra é, praticamente, uma lista de
grandes nomes da música negra
americana: jazzistas, como John
Coltrane, Miles Davis e Dizzy Gillespie, aparecem ao lado de mestres do blues, como Robert Johnson, Bessie Smith e Jimi Hendrix.
"Ela foi feita de maneira livre:
fui mencionando os nomes que
vinham à minha cabeça, espontaneamente", diz India, observando
que, em maior ou menor medida,
todos eles contribuíram com sua
concepção musical.
Segundo India, mais do que
uma referência a um gênero musical, o título do disco tem a ver
com a essência de sua música.
"Foi o violão que abriu a possibilidade para que me tornasse compositora. Por isso meu verdadeiro
desejo era fazer um disco baseado
na sonoridade do violão."
Então por que há alguns arranjos eletrônicos no disco? "O motivo é que também quero estar nas
rádios e tive de incluir coisas do tipo que as pessoas estão acostumadas a ouvir, para poder competir", diz ela, que se identifica
mais com as canções românticas e
acústicas do disco, como "Ready
for Love" e "Back in the Middle".
"É disso que realmente eu gosto."
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