São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2001

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DANÇA

Versão da coreógrafa holandesa Didy Veldman estréia hoje com Les Grands Ballets Canadiens e atualiza obra de Bizet

"Carmen" ganha roupagem pop em SP

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Despojada da imagem habitual, a personagem Carmen popularizada pela ópera homônima de Bizet agora renasce no Rio de Janeiro, onde se envolve com um cantor de rock em vez do toureiro da obra original.
Segundo a versão da coreógrafa holandesa Didy Veldman, que a companhia Les Grands Ballets Canadiens estréia hoje no teatro Alfa, Carmen se transformou em uma jovem atual, que trocou os vestidos de babados pela camiseta e a calça jeans.
"O ambiente brasileiro é apenas uma base, sem tentativas de copiar a paisagem carioca", disse Didy à Folha por telefone, de Londres, onde mora atualmente.
"Eu queria inserir Carmen em uma perspectiva diferente. Ao situá-la no Rio, pensei que poderia transmitir melhor um certo calor e também uma separação maior entre pobres e ricos, que é mais comum no Brasil e bem menos intensa na Europa e mesmo na Espanha."
A coreógrafa continua: "Acho que também fui um pouco influenciada pela presença de bailarinos brasileiros no Northern Ballet Theatre, o grupo britânico para o qual criei em 1999 essa versão de "Carmen", que depois remontei para a companhia Les Grands Ballets Canadiens".
Didy conta que, durante o processo criativo de "Carmen", ela estimulava os bailarinos a expressar como é flertar, conquistar ou se apaixonar agora. "Meu objetivo principal foi atualizar "Carmen" e descobrir como ela seria se vivesse no mundo de hoje."
Em razão dessa proposta, a personagem concebida pelo escritor Prosper Merimée em 1845 perdeu o estigma de mulher fatal para se confundir com as garotas urbanas.
"Carmen quer ser livre e viver sem que lhe imponham regras. Esse apelo permanece atual, porque as mulheres continuam tentando conquistar direitos equiparáveis aos dos homens."
Hoje com 33 anos, Didy começou sua carreira no Scapino Ballet, da Holanda. Em seguida, mudou-se para a Suíça para dançar no Ballet du Grand Théâtre de Genève. Nessa companhia, ela conheceu o brasileiro Guilherme Botelho, com o qual fundou o grupo Alias, em 1993.
"Trabalhei durante quatro anos com Guilherme. Como eu era muito jovem, queria ter mais tempo para dançar em vez de me concentrar na administração do grupo. Eu me desliguei do Alias quando Christopher Bruce me convidou para integrar o elenco do Rambert Ballet, de Londres", explica a coreógrafa.
No Rambert, Didy foi encorajada a coreografar e atualmente ela vem sendo requisitada por várias companhias. Em janeiro, por exemplo, criou "See Blue Through" para o Ballet Gulbenkian, de Portugal. Com o Brasil, ela cultivou os vínculos, ministrando cursos para companhias como o Balé da Cidade de São Paulo e o Balé do Teatro Castro Alves, de Salvador.
"Estive no Brasil quatro vezes e tenho lembranças maravilhosas de lugares como Fernando de Noronha, Natal e Recife", diz Didy, que remontou "Carmen" para o Les Grands Ballet Canadiens a convite de Gradimir Pankov, atual diretor dessa companhia fundada em 1957 na cidade canadense de Montreal.




Espetáculo: "Carmen", com Les Grands Ballets Canadiens; coreografia de Didy Veldman
Quando: hoje e amanhã, às 21h; dom., às 18h
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 0800-558191)
Quanto: R$ 40 a R$ 100




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