|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DANÇA
Versão da coreógrafa holandesa Didy Veldman estréia hoje com Les Grands Ballets Canadiens e atualiza obra de Bizet
"Carmen" ganha roupagem pop em SP
ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Despojada da imagem habitual,
a personagem Carmen popularizada pela ópera homônima de Bizet agora renasce no Rio de Janeiro, onde se envolve com um cantor de rock em vez do toureiro da
obra original.
Segundo a versão da coreógrafa
holandesa Didy Veldman, que a
companhia Les Grands Ballets
Canadiens estréia hoje no teatro
Alfa, Carmen se transformou em
uma jovem atual, que trocou os
vestidos de babados pela camiseta
e a calça jeans.
"O ambiente brasileiro é apenas
uma base, sem tentativas de copiar a paisagem carioca", disse
Didy à Folha por telefone, de Londres, onde mora atualmente.
"Eu queria inserir Carmen em
uma perspectiva diferente. Ao situá-la no Rio, pensei que poderia
transmitir melhor um certo calor
e também uma separação maior
entre pobres e ricos, que é mais
comum no Brasil e bem menos
intensa na Europa e mesmo na
Espanha."
A coreógrafa continua: "Acho
que também fui um pouco influenciada pela presença de bailarinos brasileiros no Northern Ballet Theatre, o grupo britânico para o qual criei em 1999 essa versão
de "Carmen", que depois remontei
para a companhia Les Grands Ballets Canadiens".
Didy conta que, durante o processo criativo de "Carmen", ela
estimulava os bailarinos a expressar como é flertar, conquistar ou
se apaixonar agora. "Meu objetivo principal foi atualizar "Carmen" e descobrir como ela seria se
vivesse no mundo de hoje."
Em razão dessa proposta, a personagem concebida pelo escritor
Prosper Merimée em 1845 perdeu
o estigma de mulher fatal para se
confundir com as garotas urbanas.
"Carmen quer ser livre e viver
sem que lhe imponham regras.
Esse apelo permanece atual, porque as mulheres continuam tentando conquistar direitos equiparáveis aos dos homens."
Hoje com 33 anos, Didy começou sua carreira no Scapino Ballet, da Holanda. Em seguida, mudou-se para a Suíça para dançar
no Ballet du Grand Théâtre de Genève. Nessa companhia, ela conheceu o brasileiro Guilherme
Botelho, com o qual fundou o
grupo Alias, em 1993.
"Trabalhei durante quatro anos
com Guilherme. Como eu era
muito jovem, queria ter mais tempo para dançar em vez de me concentrar na administração do grupo. Eu me desliguei do Alias
quando Christopher Bruce me
convidou para integrar o elenco
do Rambert Ballet, de Londres",
explica a coreógrafa.
No Rambert, Didy foi encorajada a coreografar e atualmente ela
vem sendo requisitada por várias
companhias. Em janeiro, por
exemplo, criou "See Blue
Through" para o Ballet Gulbenkian, de Portugal. Com o Brasil,
ela cultivou os vínculos, ministrando cursos para companhias
como o Balé da Cidade de São
Paulo e o Balé do Teatro Castro
Alves, de Salvador.
"Estive no Brasil quatro vezes e
tenho lembranças maravilhosas
de lugares como Fernando de Noronha, Natal e Recife", diz Didy,
que remontou "Carmen" para o
Les Grands Ballet Canadiens a
convite de Gradimir Pankov,
atual diretor dessa companhia
fundada em 1957 na cidade canadense de Montreal.
Espetáculo: "Carmen", com Les Grands
Ballets Canadiens; coreografia de Didy
Veldman
Quando: hoje e amanhã, às 21h; dom.,
às 18h
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel.
0800-558191)
Quanto: R$ 40 a R$ 100
Texto Anterior: Vídeo/Lançamento: Douglas sai da linha na comédia de erros "Garotos Incríveis" Próximo Texto: Erika Palomino: Miami começa mais um ano eletrônico Índice
|