IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se no Natal comemos peru, na Semana Santa a pedida é bacalhau e uma festa sem pinhão não é junina, o que se poderia esperar do Dia dos Namorados?
A julgar pela onda dos restaurantes empenhados em preparar pratos "afrodisíacos", se você resolver comer algo como uma feijoada na quarta-feira, 12 de junho, vai ser um desastre.
O jeito, então, é encarar ostras, gengibres, risotos de morango, flores, chocolates, champagnes, Proseccos e afins.
A 13 dias do Dia dos Namorados, diversas casas já aceitam reservas (leia quadro nesta página) e preparam pratos (e preços) exclusivos para a data.
Um dos mais caprichosos na concepção de pratos para o dia romântico é o restaurateur Eric Thomas, do Tantra. "Não dá para ir a rodízio de carnes. Tem que ser mais saudável para estar mais disposto sexualmente nessa noite", ensina Thomas.
Para tanto, o chef criou dois menus especiais, um baseado em chocolate e outro em flores, "os presentes mais lembrados no Dia dos Namorados". No caso das flores, Thomas diz: "Elas não têm propriedades afrodisíacas, mas o simbolismo é quase infinito".
Para o restaurateur, existem três tipos de afrodisíacos: o científico, representado pelo Viagra ("o mais chato na minha opinião"), o lendário ("aquele que é muito raro de encontrar, como pó de chifre de rinoceronte ou genitais de tigre") e o afrodisíaco pelo seu formato ("como a ostra, no caso feminino, ou a cenoura e o aspargo"). "A conclusão a que cheguei é: você é o que você come", diz.
O problema é que há escolas divergentes da culinária afrodisíaca. O restaurateur Sérgio Arno, do Vecchia Cucina, aposta no foie gras, que não é nada leve. "É gordura pura, mas o pessoal diz que é bem afrodisíaco", afirma.
Por isso, deve-se ficar atento ao fato que, em Dia dos Namorados, qualquer comida pode virar afrodisíaca. O figo, por exemplo, é afrodisíaco "por seu cheiro, cor e forma, que lembram o corpo da mulher". Já a manga, segundo os indianos, seria afrodisíaca porque parece um testículo tamanho família. Dessa forma, não sobra nada para alimentar as crianças.
Sem tanta pesquisa ou conhecimento específico, a dona do restaurante alemão Konstanz, Roberta Jordão, também embarcou na onda da sedução pela comida.
"Queria fazer algo para chamar a atenção, uma coisa bem romântica e afrodisíaca. Vamos servir um risoto de morangos combinados com champagne. Ficou suave, bonito, vermelho", afirma.
O segredo, entretanto, não está na receita, feita com ingredientes comuns, mas na concepção da iguaria, conforme conta a solteira Roberta: "Criei pensando na pessoa pela qual estou apaixonada. Ele ainda não experimentou, mas, quando provar, vai se apaixonar, pode ter certeza".
O único problema é se o amado de Roberta for antes na concorrência, mais especificamente no restaurante Bellalluna, já que este também oferece risoto de morangos na semana do amor. Além disso, o Bellalluna vai sortear uma jóia no valor de R$ 250.
Opção diferente é a oferecida pela rotisserie La Vera Pasta, que propõe ao casal levar a massa e o molho para casa e cozinhar.
Não uma massa qualquer, claro, mas uma massa no formato de coração, feita de cacau, com recheio de faisão, mel, gengibre, guaraná e amendoim. Para cobrir, molho de champagne.
Quem criou a La Vera Innamorata (essa massa tem nome) foi Francisco Boturão, sócio e chef da rotisserie. "Usei ingredientes que achei que eram afrodisíacos. Gengibre, amendoim, aqueles de sempre. Nada de testículo de cobra", diverte-se.
Mesmo com ingredientes mais comuns, a receita parece ter dado resultado. "Acabei de fazer um teste", diz. E deu certo? É afrodisíaco mesmo? "Preciso esperar a noite chegar. Mas a expectativa é que levante até o dedão do pé!"



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