UOL


São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"O OLHO QUE TUDO VÊ"

Idéia razoável permeada de sustos não constrói atmosfera do medo

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Existe o filme que dá medo e o filme que prega susto. É muito difícil construir a atmosfera do medo (exemplo: "O Iluminado", de Kubrick), mas é fácil, facílimo, fazer o espectador pular na poltrona. Basta romper o silêncio com um estrondo súbito, fazer o gato pular do armário (truque manjadíssimo) ou, como acontece em "O Olho que Tudo Vê", de Marc Evans, soltar um corvo no porão de uma casa soturna.
"O Olho que Tudo Vê" tem um início elíptico e objetivo. Uma tela de computador ocupa a tela do cinema. Nela, pode-se ler o anúncio da internet que convoca candidatos para um "reality show" da web. Cinco pessoas ficarão numa casa isolada monitorada por câmeras; se uma desistir do jogo, todas perdem o prêmio (US$ 1 milhão). Corta para o interior da casa. A tela, dividida em quatro, mostra os participantes do jogo. A montagem do filme é feita como se alguém estivesse controlando as câmeras e escolhendo o que ver; a fotografia explora a baixa qualidade da imagem.
É um começo promissor, mais direto do que o costume. Mas não demora para que o filme se torne tedioso como um real "reality show". Apesar de permanecer fiel ao formato desse tipo de programa, "O Olho..." sofre reviravoltas constrangedoras em sua trama.
A sugestão de que os candidatos não foram escolhidos à toa e de que seriam personagens de uma vingança é substituída pela sugestão de que um deles é um psicopata; e, enfim, essa sugestão é substituída pela idéia de que todos ali são vítimas de um "snuff" website (página clandestina que transmitirá a morte de cada um ao vivo).
O diretor Marc Evans parte de uma idéia razoável, mas termina fazendo um filme de horror adolescente como tantos outros.


O Olho que Tudo Vê
My Little Eye
 
Produção: Inglaterra/EUA/França, 2002
Direção: Marc Evans
Com: Sean Johnson, Jennifer Sky
Quando: a partir de hoje nos cines Central Plaza, Gemini e circuito



Texto Anterior: "Postman Blues": Diretor é fiel à criança que foi
Próximo Texto: Copião: Miramax provoca duelo entre Meirelles e Babenco
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.