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"O OLHO QUE TUDO VÊ"
Idéia razoável permeada de sustos não constrói atmosfera do medo
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Existe o filme que dá medo e
o filme que prega susto. É
muito difícil construir a atmosfera do medo (exemplo: "O Iluminado", de Kubrick), mas é fácil,
facílimo, fazer o espectador pular
na poltrona. Basta romper o silêncio com um estrondo súbito, fazer
o gato pular do armário (truque
manjadíssimo) ou, como acontece em "O Olho que Tudo Vê", de
Marc Evans, soltar um corvo no
porão de uma casa soturna.
"O Olho que Tudo Vê" tem um
início elíptico e objetivo. Uma tela
de computador ocupa a tela do cinema. Nela, pode-se ler o anúncio
da internet que convoca candidatos para um "reality show" da
web. Cinco pessoas ficarão numa
casa isolada monitorada por câmeras; se uma desistir do jogo, todas perdem o prêmio (US$ 1 milhão). Corta para o interior da casa. A tela, dividida em quatro, mostra os participantes do jogo. A
montagem do filme é feita como
se alguém estivesse controlando
as câmeras e escolhendo o que
ver; a fotografia explora a baixa
qualidade da imagem.
É um começo promissor, mais
direto do que o costume. Mas não
demora para que o filme se torne
tedioso como um real "reality
show". Apesar de permanecer fiel
ao formato desse tipo de programa, "O Olho..." sofre reviravoltas
constrangedoras em sua trama.
A sugestão de que os candidatos
não foram escolhidos à toa e de
que seriam personagens de uma
vingança é substituída pela sugestão de que um deles é um psicopata; e, enfim, essa sugestão é substituída pela idéia de que todos ali
são vítimas de um "snuff" website
(página clandestina que transmitirá a morte de cada um ao vivo).
O diretor Marc Evans parte de
uma idéia razoável, mas termina
fazendo um filme de horror adolescente como tantos outros.
O Olho que Tudo Vê
My Little Eye
Produção: Inglaterra/EUA/França, 2002
Direção: Marc Evans
Com: Sean Johnson, Jennifer Sky
Quando: a partir de hoje nos cines
Central Plaza, Gemini e circuito
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