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MÚSICA
Cantora estréia na gravadora Universal, que músico trocou pela Trama
Ed Motta e Paula Lima se cruzam em rotas opostas
DA REPORTAGEM LOCAL
Andando em rotas diversas, Ed
Motta e Paula Lima se cruzam no
meio do caminho de 2003.
Experimentadora de soul, funk,
jazz, samba, samba-rock e bossa
nova, Paula Lima, 32, faz o pulo
do mercado independente para a
grande Universal Music ao lançar
seu segundo álbum solo.
No salto, cruza com o ícone jovem de soul, funk, jazz, bossa nova e MPB Ed Motta, 31, que consuma sua troca da mesma Universal pela independente Trama, em
que estréia com "Poptical".
Motta, que durante anos atirou
elogios à filosofia artística da Trama, se surpreende não com a virada, mas com seus formatos.
"Consegui realizar coisas inacreditáveis numa grande gravadora, como um CD jazzístico instrumental ["Dwitza", 2002]", começa. "Chegando à Trama, achei
que a surpresa seria fazer algo que
tivesse uma veia popular, um certo tom de ironia", termina, remetendo-se ao funk "Tem Espaço na
Van", que já toca em rádio.
Lima também exprime suas
surpresas: "Achei que ia ser uma
mudança radical. A estrutura
realmente mudou, mas encontrei
pessoas muito a fim de trabalhar
em conjunto, espontâneas".
Diz que não perdeu liberdade
criativa na travessia. "O controle
artístico é meu, embora obviamente esteja trabalhando com
pessoas experientes."
Os discursos de Motta e Lima se
distanciam no aspecto crítico. Ele
concentra restrições a sua própria
classe, ao comparar sua postura
artística com a de colegas.
"Observo que a discussão entre
artistas hoje é sempre relativa a
grana, a direito autoral. Não escuto as pessoas falarem sobre a parte
artística das gravadoras, sobre o
quão ridículo e deprimente é gravar disco acústico ao vivo, "fulano
interpreta Cartola"...", dispara.
Paula Lima, que do primeiro
disco para o novo trocou o jovem
produtor Max de Castro pelo veterano Guto Graça Mello, fala em
favor da conciliação. "Tenho um
lado nostálgico, adorei conhecer
Guto, um cara que trabalhou com
Caetano, Bethânia, até Sandy &
Junior", inicia.
Fala então sobre Lincoln Olivetti, tecladista hegemônico nos
anos 80 que faz arranjos para três
faixas de seu CD: "Reverencio
Lincoln, amo toda a sua obra. Ele
foi controverso na sua época, mas
com isso não tenho a ver. Quero o
groove dele, o baixo, aquele sintetizador de que nem sei o nome".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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