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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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MÚSICA

Cantora estréia na gravadora Universal, que músico trocou pela Trama

Ed Motta e Paula Lima se cruzam em rotas opostas

DA REPORTAGEM LOCAL

Andando em rotas diversas, Ed Motta e Paula Lima se cruzam no meio do caminho de 2003.
Experimentadora de soul, funk, jazz, samba, samba-rock e bossa nova, Paula Lima, 32, faz o pulo do mercado independente para a grande Universal Music ao lançar seu segundo álbum solo.
No salto, cruza com o ícone jovem de soul, funk, jazz, bossa nova e MPB Ed Motta, 31, que consuma sua troca da mesma Universal pela independente Trama, em que estréia com "Poptical".
Motta, que durante anos atirou elogios à filosofia artística da Trama, se surpreende não com a virada, mas com seus formatos.
"Consegui realizar coisas inacreditáveis numa grande gravadora, como um CD jazzístico instrumental ["Dwitza", 2002]", começa. "Chegando à Trama, achei que a surpresa seria fazer algo que tivesse uma veia popular, um certo tom de ironia", termina, remetendo-se ao funk "Tem Espaço na Van", que já toca em rádio.
Lima também exprime suas surpresas: "Achei que ia ser uma mudança radical. A estrutura realmente mudou, mas encontrei pessoas muito a fim de trabalhar em conjunto, espontâneas".
Diz que não perdeu liberdade criativa na travessia. "O controle artístico é meu, embora obviamente esteja trabalhando com pessoas experientes."
Os discursos de Motta e Lima se distanciam no aspecto crítico. Ele concentra restrições a sua própria classe, ao comparar sua postura artística com a de colegas.
"Observo que a discussão entre artistas hoje é sempre relativa a grana, a direito autoral. Não escuto as pessoas falarem sobre a parte artística das gravadoras, sobre o quão ridículo e deprimente é gravar disco acústico ao vivo, "fulano interpreta Cartola"...", dispara.
Paula Lima, que do primeiro disco para o novo trocou o jovem produtor Max de Castro pelo veterano Guto Graça Mello, fala em favor da conciliação. "Tenho um lado nostálgico, adorei conhecer Guto, um cara que trabalhou com Caetano, Bethânia, até Sandy & Junior", inicia.
Fala então sobre Lincoln Olivetti, tecladista hegemônico nos anos 80 que faz arranjos para três faixas de seu CD: "Reverencio Lincoln, amo toda a sua obra. Ele foi controverso na sua época, mas com isso não tenho a ver. Quero o groove dele, o baixo, aquele sintetizador de que nem sei o nome".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


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