São Paulo, sábado, 30 de maio de 1998

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Roteiro atualiza romance

da Equipe de Articulistas

O romance "Casa de Meninas" (Marco Zero, 1987), de Inácio Araujo, coloca frente a frente duas gerações de garotas paulistas de classe média.
As duas mais velhas, Sofia e Vivian, viveram os atribulados acontecimentos de 1968 e os sonhos revolucionários de mudar o mundo.
As mais novas, Adriana e Renata, só pegaram uma rabeira na chamada "luta pela redemocratização" do país.
A história dessas meninas, com todos os pequenos dramas e comédias correlatos -política, namorados, abortos, drogas etc.-, é narrada no livro por um personagem masculino, Leon, ele mesmo um ex-"Meia Oito" que nutriu no passado uma paixão por Sofia e no presente está envolvido com falsificação de diplomas.
No romance, repleto de diálogos velozes e marcado pela auto-ironia, a cidade de São Paulo surge quase como um personagem. Os acontecimentos têm localização muito precisa: Pinheiros, Ipiranga, Penha, as ruas do Centro, o parque Ibirapuera.
Atualização
Como se passou mais de uma década entre a publicação do livro e a sua transformação em filme, Inácio Araujo viu-se diante de duas possibilidades. "Ou eu mantinha a história como estava, e fazia um filme de época, ou trazia a situação para a atualidade."
Optou pela segunda alternativa, mudando a idade das meninas. No filme, as mais velhas serão da geração da virada dos anos 70/80, que viveu a luta pela anistia e pelas liberdades democráticas, e as mais novas serão da geração dos anos 90, pós-queda do Muro de Berlim.
Por conta da mudança de época em que se ambienta a ação, o autor alterou uma série de detalhes do livro.
"Por exemplo, no romance, o namorado da Renata é um bancário, profissão tida na época como o supra-sumo do "adesismo' ao "sistema'. Hoje o bancário é uma vítima potencial do desemprego, como todo mundo. No filme, então, a profissão do personagem será a de gerente de RH, ou seja, o cara encarregado de demitir."
O personagem Leon, que no livro é o narrador da história, vai aparecer no filme em três momentos diferentes. "Precisa ser um ator marcante, de preferência conhecido, por isso estou pensando no Carlos Alberto Riccelli ou no Edson Celulari", diz Araujo.
(JGC)


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