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Roteiro atualiza romance
da Equipe de Articulistas
O romance "Casa de Meninas" (Marco Zero, 1987), de
Inácio Araujo, coloca frente a
frente duas gerações de garotas
paulistas de classe média.
As duas mais velhas, Sofia e
Vivian, viveram os atribulados
acontecimentos de 1968 e os
sonhos revolucionários de mudar o mundo.
As mais novas, Adriana e Renata, só pegaram uma rabeira
na chamada "luta pela redemocratização" do país.
A história dessas meninas,
com todos os pequenos dramas e comédias correlatos
-política, namorados, abortos, drogas etc.-, é narrada no
livro por um personagem masculino, Leon, ele mesmo um
ex-"Meia Oito" que nutriu no
passado uma paixão por Sofia
e no presente está envolvido
com falsificação de diplomas.
No romance, repleto de diálogos velozes e marcado pela
auto-ironia, a cidade de São
Paulo surge quase como um
personagem. Os acontecimentos têm localização muito precisa: Pinheiros, Ipiranga, Penha, as ruas do Centro, o parque Ibirapuera.
Atualização
Como se passou mais de uma
década entre a publicação do
livro e a sua transformação em
filme, Inácio Araujo viu-se
diante de duas possibilidades.
"Ou eu mantinha a história
como estava, e fazia um filme
de época, ou trazia a situação
para a atualidade."
Optou pela segunda alternativa, mudando a idade das meninas. No filme, as mais velhas
serão da geração da virada dos
anos 70/80, que viveu a luta pela anistia e pelas liberdades democráticas, e as mais novas serão da geração dos anos 90,
pós-queda do Muro de Berlim.
Por conta da mudança de
época em que se ambienta a
ação, o autor alterou uma série
de detalhes do livro.
"Por exemplo, no romance,
o namorado da Renata é um
bancário, profissão tida na
época como o supra-sumo do
"adesismo' ao "sistema'. Hoje
o bancário é uma vítima potencial do desemprego, como
todo mundo. No filme, então,
a profissão do personagem será a de gerente de RH, ou seja,
o cara encarregado de demitir."
O personagem Leon, que no
livro é o narrador da história,
vai aparecer no filme em três
momentos diferentes. "Precisa ser um ator marcante, de
preferência conhecido, por isso estou pensando no Carlos
Alberto Riccelli ou no Edson
Celulari", diz Araujo.
(JGC)
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