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MÚSICA/CRÍTICA
Em "St. Anger", quarteto californiano abandona experimentos com outros estilos e recupera o thrash
Metallica retorna ao metal visceral e raivoso
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
E das cinzas do Metallica se
fez o... Metallica. E lá se vai o
heavy metal chacoalhar violentamente outra vez.
"St. Anger", novo CD da banda
pesada mais famosa do planeta,
faz o Metallica jogar no lixo suas
experimentações com country,
covers punk e música de orquestra para promover o retorno do
grupo ao metal visceral e raivoso
que deu fama ao quarteto lá atrás
e acordar o gênero que vem dormindo há tempos no colo do rap.
A contundência de "St. Anger" é
tanta que dá até para esquecer que
os integrantes do Metallica jogaram contra os próprios fãs ao tentar covardemente parar a revolução MP3, comprando uma briga
com a comunidade Napster.
Mas a conversa sobre revolução
aqui é outra. Megabanda que fez
primeiro o thrash metal e depois o
heavy metal serem deglutidos por
ouvidos mais populares, é surpreendente que, nesta altura do
rock, o Metallica cometa o disco
mais pesado de sua carreira.
E é isso que "St. Anger" é: pesado, indigesto, "diferente" para
quem começou inaudível de tão
rude, foi ao popular (um certo
"popular" na verdade) e agora
volta a ser inaudível de tão... rude.
Para começar, o novo CD é mal
gravado (artifício para ter a rudez
mencionada), sujo e ultra-rápido,
sem solo de guitarra. Em palavras
roqueiras: sem frescura. Os dois
bumbos do baterista Lars Ulrich,
a guitarra insana do também vocalista James Hetfield e o peso
mais floreado do outro guitarrista, Kirk Hammett, dão revigorada
força ao trio de ferro do Metallica.
Mais no estilo e no efeito do que
musicalmente, "St. Anger" remete direto a 1988, quando o Metallica lançou o épico "...And Justice
for All" e cimentou a passarela do
metal absurdo para o paraíso de
vendagem do rock mainstream.
De novo, é disco que consegue
ser tão brutal e popular, ao mesmo tempo, que entrou direto no
topo da "Billboard", vendendo
quase 500 mil cópias na primeira
semana em que foi lançado. É engraçado imaginar um mundaréu
de gente cantando letras como
"eu quero minha raiva para ser
saudável", como em "St. Anger",
a faixa-título e o primeiro single,
outro best-seller da "Billboard".
"St. Anger", o CD, são 11 faixas,
75 minutos e um punhado de letras iradas, embaladas sem parar
por riffs pesados e velozes e uma
bateria absurdamente agressiva.
Com o CD, vem junto um DVD
de preciosa iniciativa. É o disco
inteiro tocado em clima de ensaio
de gravação, o melhor "making
of" acoplado a um CD da história
do rock. E o Metallica voltou a ser
pau puro para as massas. Se é que
as massas vão aguentar.
St. Anger
Grupo: Metallica
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 35, em média
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