São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2001

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RELÂMPAGOS

Passeio de domingo

JOÃO GILBERTO NOLL

"Seu Vaz", chamei. O homem virou-se. Falei que tinha me enganado. Apressei o passo. "Seu Vaz!" Um outro se virou: menos velho, mais corpulento. Desculpei-me pela confusão. Entrei numa farmácia, fiquei um tempão sobre a balança, não como quem não acredita no seu peso e se perpetua na perplexidade, não, mas feito um cara a devanear sobre seu destino imediato, tipo "e agora, como se capitanear?". "Seu Vaz!", balbuciei, enquanto a fila atrás de mim se fazia ouvir. Desci com ar pimpão. Seu Vaz reaparecia, ali. Sabia que ele me tiraria do ar até o próximo domingo. Quando eu voltaria a clamar pelo seu nome a tarde toda, até a hora de voltar. No ônibus, arrotei o ovo em conserva que começava a se expressar. Com o ovo vinha uma risada que consegui travar...


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