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RELÂMPAGOS
Passeio de domingo
JOÃO GILBERTO NOLL
"Seu Vaz", chamei. O homem virou-se. Falei que tinha
me enganado. Apressei o passo. "Seu Vaz!" Um outro se
virou: menos velho, mais corpulento. Desculpei-me pela
confusão. Entrei numa farmácia, fiquei um tempão sobre a balança, não como
quem não acredita no seu peso e se perpetua na perplexidade, não, mas feito um cara a
devanear sobre seu destino
imediato, tipo "e agora, como
se capitanear?". "Seu Vaz!",
balbuciei, enquanto a fila
atrás de mim se fazia ouvir.
Desci com ar pimpão. Seu
Vaz reaparecia, ali. Sabia que
ele me tiraria do ar até o próximo domingo. Quando eu
voltaria a clamar pelo seu nome a tarde toda, até a hora de
voltar. No ônibus, arrotei o
ovo em conserva que começava a se expressar. Com o
ovo vinha uma risada que
consegui travar...
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