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TEATRO
Brasileiro monta peça em base aérea dos EUA na Itália
Texto do romano Apuleio dá voz a diferenças do mundo globalizado
DA REPORTAGEM LOCAL
O encenador teatral Maurício
Paroni de Castro, 40, está acostumado à falta de fronteiras do
mundo atual: seus anos se dividem entre o Brasil, a Escócia
-onde é associado à companhia
Suspect Culture- e a Itália.
É na terra de Dante que ele faz
amanhã a primeira de duas apresentações de "Asno de Ouro", na
sua versão para a reunião de 11 escritos do romano Apuleio (séc. 2).
Bem, na Itália, "ma non troppo": a peça está sendo ensaiada
desde o começo de agosto na
maior base aérea dos EUA na Europa, em Aviano, próxima à fronteira da Croácia.
"É como se estivesse em cima de
uma mina", diz Paroni de Castro,
descrevendo o aparato militar no
local, onde convivem 4.000 italianos e quase 10 mil americanos.
Ele diz ter buscado uma "chave
cômica" para atualizar a história
do homem que, por magia, é
transformado em asno e não consegue mais comunicar o que continua pensando como humano.
"Comparo com pessoas que
não podem se expressar por questões raciais, culturais", diz.
Para fazer com que o texto se refira às diferenças do mundo globalizado, a montagem usa inglês,
português, italiano e o dialeto da
região de Friuli-Venezia-Giulia,
traduzidos por dois atores.
"O truque era fazer em línguas
que não se entendessem", diz, explicando a metáfora. A tradução
acontece enquanto o asno ainda
tem forma de homem, no primeiro ato. Depois, "desesperado, começa a distribuir textos à platéia",
conta Paroni.
Entre os textos, trechos do livro
"No Logo", de Naomi Klein, bíblia da juventude antiglobalização, e depoimentos de pessoas da
base. Outro apoio fica por conta,
por exemplo, de pinturas que vão
"narrando" cenas.
Se passa as fronteiras linguísticas, "Asno de Ouro", porém, não
vence certas barreiras: a sessão de
amanhã é no teatro da cidade, para o público em geral; no dia 4, é
encenada dentro da base, para
militares e convidados.
(FA)
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