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PALESTRA
Grupo de pensadores que inclui sociólogo Robert Kurz faz segunda visita ao país pregando a falência do capitalismo
Krisis volta ao Brasil para abolir o trabalho
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1999 eles vieram ao país trazendo um cadáver: o cadáver do
trabalho. Agora eles voltam ao
Brasil, carregando o mesmo defunto na bagagem.
Formado em 1983, na Alemanha, o grupo de intelectuais dissidentes de esquerda Krisis faz sua
segunda incursão brasileira para
reafirmar o "Manifesto contra o
Trabalho", que eles lançaram no
ano passado.
No panfleto, em que glosam o
célebre "Manifesto Comunista",
de Karl Marx e Friedrich Engels,
os "kríticos" pregavam o fim do
capitalismo e a abolição do trabalho tal como o conhecemos.
Em torno dessa convicção, a de
que "a sociedade do trabalho está
no fim", quatro integrantes do
Krisis fazem conferências em São
Paulo de hoje até segunda-feira.
O quarteto inclui o pensador
mais conhecido do grupo, o sociólogo alemão Robert Kurz, que
não esteve no Brasil na primeira
turnê do Krisis.
Colunista do caderno Mais!
desde 1995, Kurz é autor de um
dos livros mais polêmicos dos
anos 90. Em "O Colapso da Modernização" (editora Paz e Terra),
de 91, ele propõe que o fim do socialismo no Leste Europeu seria
um sintoma e uma etapa da crise
do capitalismo.
Na quarta-feira, Kurz explica
sua previsão de falência do "sistema mundial de produção de mercadorias" à luz dos "moinhos diabólicos da modernização". Antes
disso, haverá conferências do escritor Anselm Jappe e do economista Norbert Trenkle, ambos
alemães.
A chamada "Segunda Jornada
de Debates", promovida pelo
Grupo de Estudos Krisis do Laboratório de Geografia Urbana da
USP e pelo departamento de geografia da mesma universidade,
começa com "Teoria e Práxis dos
Situacionistas", palestra de Jappe
(veja programação ao lado).
O autodefinido "pensador livre" mora entre Paris e Roma e teve o seu livro "Guy Debord" lançado no Brasil no ano passado pela editora Vozes.
É justamente em torno das
idéias desse filósofo francês que
gira a conferência de Jappe.
Debord, que se suicidou em
1994, foi o fundador da chamada
Internacional Situacionista, movimento criado em 1957, na Itália,
unindo um discurso político libertário com idéias das vanguardas artísticas. Seus membros enfatizavam a importância da vida
cotidiana como uma esfera para a
crítica e a intervenção.
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