São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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PALESTRA
Grupo de pensadores que inclui sociólogo Robert Kurz faz segunda visita ao país pregando a falência do capitalismo
Krisis volta ao Brasil para abolir o trabalho

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1999 eles vieram ao país trazendo um cadáver: o cadáver do trabalho. Agora eles voltam ao Brasil, carregando o mesmo defunto na bagagem.
Formado em 1983, na Alemanha, o grupo de intelectuais dissidentes de esquerda Krisis faz sua segunda incursão brasileira para reafirmar o "Manifesto contra o Trabalho", que eles lançaram no ano passado.
No panfleto, em que glosam o célebre "Manifesto Comunista", de Karl Marx e Friedrich Engels, os "kríticos" pregavam o fim do capitalismo e a abolição do trabalho tal como o conhecemos.
Em torno dessa convicção, a de que "a sociedade do trabalho está no fim", quatro integrantes do Krisis fazem conferências em São Paulo de hoje até segunda-feira.
O quarteto inclui o pensador mais conhecido do grupo, o sociólogo alemão Robert Kurz, que não esteve no Brasil na primeira turnê do Krisis.
Colunista do caderno Mais! desde 1995, Kurz é autor de um dos livros mais polêmicos dos anos 90. Em "O Colapso da Modernização" (editora Paz e Terra), de 91, ele propõe que o fim do socialismo no Leste Europeu seria um sintoma e uma etapa da crise do capitalismo.
Na quarta-feira, Kurz explica sua previsão de falência do "sistema mundial de produção de mercadorias" à luz dos "moinhos diabólicos da modernização". Antes disso, haverá conferências do escritor Anselm Jappe e do economista Norbert Trenkle, ambos alemães.
A chamada "Segunda Jornada de Debates", promovida pelo Grupo de Estudos Krisis do Laboratório de Geografia Urbana da USP e pelo departamento de geografia da mesma universidade, começa com "Teoria e Práxis dos Situacionistas", palestra de Jappe (veja programação ao lado).
O autodefinido "pensador livre" mora entre Paris e Roma e teve o seu livro "Guy Debord" lançado no Brasil no ano passado pela editora Vozes.
É justamente em torno das idéias desse filósofo francês que gira a conferência de Jappe.
Debord, que se suicidou em 1994, foi o fundador da chamada Internacional Situacionista, movimento criado em 1957, na Itália, unindo um discurso político libertário com idéias das vanguardas artísticas. Seus membros enfatizavam a importância da vida cotidiana como uma esfera para a crítica e a intervenção.


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