São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Fábula faz crítica à especulação

Com direção de Ruy Cortez e atores de diferentes gerações, peça expõe "loucura do neoliberalismo"

Em cena em quase 90% do espetáculo, personagem de Yáconis promove fim da inércia para enfrentar especuladores em Paris

DA REPORTAGEM LOCAL

Na tarde de sexta-feira, a Folha assistiu ao ensaio corrido de "A Louca de Chaillot" num espaço improvisado do histórico Teatro de Arena, centro paulistano. Durou duas horas e 25 minutos, excluído o intervalo.
Cleyde Yáconis passa mais de 90% da peça em cena, como se verá na temporada que estréia no sábado no Sesc Santana.
No primeiro ato, a ação transcorre no terraço de um café, em Chaillot, Paris. Aurora parece viver na epiderme dos fatos, equilibrando-se com sua sombrinha branca, até que lhe assopram a verdade sobre a especulação financeira no bairro.
Aurora põe fim à inércia dos amigos, funcionários do café, artistas e miseráveis do pedaço e faz uma cruzada para desbaratar os homens de negócio com um contragolpe no segundo ato, que ocorre num subsolo semi-abandonado -desdobramento do café na cenografia de André Cortez, com desenho de luz de Guilherme Bonfanti.
Vislumbra-se um fio entre as histórias de Aurora e de Irma (Tatiana Thomé), a lavadeira de pratos, num jogo entre passado e presente. A jovem nutre esperanças sobre dias melhores e se enamora de Pedro (Fernando Nitsch).
A figura da louca surge tripartida. Completa-se nas loucas de outros bairros, Saint-Sulpice (Beatriz Tragtenberg) e Passy (Malú Pessin). Segundo Pessin, 57, trata-se de uma atuação de risco, um ímã para a caricatura da qual foge como o diabo da cruz. Estados alterados que Tragtenberg, 71, permite-se vislumbrar como consciência. "É um trabalho de denúncia do que é a loucura a que chegou o neoliberalismo."
"É uma peça sobre luta de classes", avança Heitor Goldflus, 43 (Policial), ex-Cia. do Latão. São ao todo 17 atores, um promissor cruzamento de gerações com Maria do Carmo Soares, Walter Portella, Luiz Damasceno, Pascoal da Conceição, Marcos Daud, Mila Ribeiro, Walmir Santana, Décio Pinto, Luciana Caruso e Paulo de Tharso, também músico e compositor de duas canções em francês. (VS)


A LOUCA DE CHAILLOT
Onde:
Sesc Santana -0teatro (av. Luiz Dumont Villares, 579, SP, tel. 0/xx/11/6971-8700)
Quando: estréia no sábado, 4/11, às 21h; sáb., às 21h, e dom., às 19h. Até 17/12
Quanto: R$ 8 a R$ 20


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