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Fábula faz crítica à especulação
Com direção de Ruy Cortez e atores de diferentes gerações, peça expõe "loucura do neoliberalismo"
Em cena em quase 90% do
espetáculo, personagem de
Yáconis promove fim da
inércia para enfrentar
especuladores em Paris
DA REPORTAGEM LOCAL
Na tarde de sexta-feira, a Folha assistiu ao ensaio corrido
de "A Louca de Chaillot" num
espaço improvisado do histórico Teatro de Arena, centro paulistano. Durou duas horas e 25
minutos, excluído o intervalo.
Cleyde Yáconis passa mais de
90% da peça em cena, como se
verá na temporada que estréia
no sábado no Sesc Santana.
No primeiro ato, a ação
transcorre no terraço de um café, em Chaillot, Paris. Aurora
parece viver na epiderme dos
fatos, equilibrando-se com sua
sombrinha branca, até que lhe
assopram a verdade sobre a especulação financeira no bairro.
Aurora põe fim à inércia dos
amigos, funcionários do café,
artistas e miseráveis do pedaço
e faz uma cruzada para desbaratar os homens de negócio
com um contragolpe no segundo ato, que ocorre num subsolo
semi-abandonado -desdobramento do café na cenografia de
André Cortez, com desenho de
luz de Guilherme Bonfanti.
Vislumbra-se um fio entre as
histórias de Aurora e de Irma
(Tatiana Thomé), a lavadeira
de pratos, num jogo entre passado e presente. A jovem nutre
esperanças sobre dias melhores e se enamora
de Pedro (Fernando Nitsch).
A figura da louca
surge tripartida.
Completa-se nas
loucas de outros
bairros, Saint-Sulpice (Beatriz Tragtenberg) e Passy
(Malú Pessin). Segundo Pessin, 57,
trata-se de uma
atuação de risco,
um ímã para a caricatura da qual
foge como o diabo
da cruz. Estados
alterados que
Tragtenberg, 71,
permite-se vislumbrar como consciência. "É
um trabalho de denúncia do
que é a loucura a que chegou o
neoliberalismo."
"É uma peça sobre luta de
classes", avança Heitor Goldflus, 43 (Policial), ex-Cia. do Latão. São ao todo 17 atores, um
promissor cruzamento de gerações com Maria do Carmo Soares, Walter Portella, Luiz Damasceno, Pascoal da Conceição, Marcos Daud,
Mila Ribeiro, Walmir Santana, Décio
Pinto, Luciana Caruso e Paulo de
Tharso, também
músico e compositor de duas canções
em francês.
(VS)
A LOUCA DE
CHAILLOT
Onde: Sesc Santana
-0teatro (av. Luiz Dumont Villares, 579, SP,
tel. 0/xx/11/6971-8700)
Quando: estréia no sábado, 4/11, às 21h;
sáb., às 21h, e dom., às
19h. Até 17/12
Quanto: R$ 8 a R$ 20
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