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Passos não faz concessões
especial para a Folha
Com uma das
vozes mais belas do país, sem
falar em seus
dotes especiais
como violonista
e compositora, a baiana Rosa Passos já mereceria um reconhecimento maior há muito tempo.
Mesmo assim, em "Morada do
Samba", seu sétimo álbum, Rosa
não se mostra a fim de fazer concessões. Depois do inventivo CD
que dedicou à obra de Tom Jobim, no ano passado, ela retorna
com outra refinada coleção de
composições próprias.
De sambas-canções abolerados,
como "Esmeraldas" (letra de Fernando de Oliveira, seu parceiro
mais constante), à lírica valsa
"Roseira", inspirada em "Chovendo na Roseira" (de Jobim),
Rosa reafirma seus vínculos com
a bossa nova.
Não faltam também releituras
de canções de outros compositores, como "Lá Vem a Baiana"
(Dorival Caymmi) e "Retiro"
(Paulinho da Viola), que Rosa
acaricia com seu canto suave,
quase sussurrado.
Já na meditativa "Marco" (parceria com Sérgio Natureza), bem
vestida por um arranjo jazzístico
do guitarrista Lula Galvão, Rosa
demonstra todo seu know-how
de melodista.
Outro momento especial está
no samba "Pequena Música Noturna" (com Fernando Oliveira).
A letra serve de inspiração para a
bateria de Erivelton Silva, que mimetiza o som de pingos de chuva,
no acompanhamento.
Por essas e outras, Rosa talvez
continue soando sofisticada demais para o grande público, mas
seu seleto fã-clube vai se deliciar
mais uma vez.
(CC)
Avaliação:
Disco: Morada do Samba
Artista: Rosa Passos
Lançamento: Lumiar
Quanto: R$ 20, em média
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