VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Oficina Uzyna Uzona apresentou anteontem duas propostas alternativas ao anteprojeto do shopping cultural que o Grupo Silvio Santos pretende construir no mesmo quarteirão onde está localizado o teatro Oficina, no bairro paulistano da Bela Vista (Bexiga).
Foi o quarto encontro convocado pela Promotoria de Justiça do Meio Ambiente. Representantes das duas partes reuniram-se na sede do órgão, na região central, sob mediação do promotor Daniel Fink.
As propostas do Oficina foram apresentadas, respectivamente, pelos arquitetos Edson Elito e Célia da Rocha Paes. As sugestões dizem respeito sobretudo à área localizada nos fundos do teatro, cujo empreendimento prevê, entre outros espaços, um estacionamento.
A concepção original da arquiteta Lina Bo Bardi (1914-92) projeta um "teatro grego natural", como define o diretor José Celso Martinez Corrêa, também presente à reunião.
Elito e Célia mostraram os detalhes técnicos das suas propostas à equipe do arquiteto Júlio Neves, autor do anteprojeto do Grupo Silvio Santos. Neves também compareceu ao encontro.
O promotor Daniel Fink se diz otimista com as negociações que media desde agosto. Ele abriu inquérito para apurar se o shopping cultural vai interferir, ou não, no entorno de 300 metros do teatro Oficina, patrimônio cultural tombado pelo Condephaat em 82 -órgão que aprovou o anteprojeto do shopping cultural em 97.
"Houve uma evolução sensível desde o primeiro encontro", afirma Fink.
"A negociação demanda esforço de todas as partes, mas há questões importantes que devem ser tratadas para que o empreendimento não prejudique a forma como o Oficina dialoga com a cidade, mantendo seu ponto de vista de espaço cultural aberto", diz a arquiteta Célia da Rocha Paes.
O engenheiro Eduardo Velucci, que representa o Grupo Silvio Santos, pediu um prazo de 45 dias para que as duas propostas do Oficina sejam avaliadas. A próxima reunião será em janeiro.
Orçado em R$ 75 milhões, com área de 55 mil m2, o empreendimento deve ser inaugurado em 2003.


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