São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2000

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MÚSICA
Cantora apresenta seis canções na sua volta aos palcos de Londres, para um público real de cerca de 3.000 pessoas
"Festinha" de Madonna atrai 9 milhões

Reuters
A cantora pop australiana Kilye Minogue chega com um amigo ao show de Madonna em Londres


JOSÉLIA AGUIAR
DE LONDRES

Na saída do metrô, o inglês segurava um cartaz de papelão e se oferecia para comprar ingressos do primeiro show de Madonna em Londres, anteontem, depois de mais de sete anos, por 150 libras (aproximadamente R$ 418).
Perguntaram-me quanto eu queria pelo meu convite na frente da Brixton Academy. Na fila que dava a volta no quarteirão e levava pelo menos uma hora até a entrada, o fã pragmático vendeu o dele por 600 libras (cerca de R$ 1.671).
Nenhum ingresso fora vendido ao público. Os convites foram distribuídos entre celebridades, imprensa e fãs que os ganharam em sorteios feitos por jornais, revistas e rádios. Durante a terça-feira, em um leilão de caridade on line, um par de ingressos teve uma oferta de 2.000 libras (R$ 5.570).
Na porta da Brixton Academy, a polícia fazia barricadas para conter a pequena multidão desalentada por não conseguir entrar. Dentro, após mais de duas horas de espera -ia começar às 20h, ela só apareceu às 22h-, finalmente começou o concerto.
Tudo durou apenas meia hora. Não se pode dizer que foi um show. Madonna deu uma canja no que chamou de "festa particular". Cantou cinco músicas do novo disco, "Music", e uma velha canção, "Holiday", seu primeiro hit, de 84. E só. Quando saiu do palco -e os desavisados acharam que ela ia trocar de roupa e voltar-, era, na verdade, o final.
Era para ser o maior show ao vivo da Internet. Madonna vendeu à Microsoft por 30 milhões de libras os direitos de transmissão do evento em todo o mundo. Atraiu 9 milhões de internautas, a maioria do próprio Reino Unido, de outros países da Europa e dos EUA, segundo os organizadores.
Com a nova audiência on line, supera, assim, o show de Paul McCartney no Cavern Club, em Liverpool, no ano passado, que reuniu 3 milhões de internautas.
A jornalista do "The Times" Lisa Verrico, que tentou fazer uma crítica após assistir ao show pela rede, não conseguiu. Tentou, tentou e desistiu, após mensagens automáticas de que o servidor estava ocupado, de que teria de esperar mais um pouco e, ainda, de que deveria manter a calma.
Os jornais ingleses elogiaram a performance da cantora, mas definiram o show como um breve momento de teatro pop, envolto em grande celeuma comercial.
David Cheal, do "The Daily Telegraph", disse que quem foi bobo o suficiente para pagar uma fortuna para entrar deve ter saído humilhado. Para Maddy Costa, do "The Guardian", foi impossível não se sentir desapontado e manipulado quando o show acabou.
O evento, cujo público real ficou estimado entre 2.800 e 3.000 pessoas (a Brixton Academy acolhe até 4.000 pessoas), foi aberto por Sharleen Spitteri, vocalista da banda Texas, e Richard Ashcroft, que foi líder do Verve. Entre os vips do andar de cima, estavam Mick Jagger, Sting, o ator Ewan McGregor e Nicole e Natalie Appleton, do grupo All Saints.


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