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MORUMBIFASHION
Não é o que parece
João Wainer/Folha Imagem
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Modelo do desfile de Alexandre Herchcovitch |
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Alexandre Herchcovitch é um
grande estilista. Foi isso que o público de seu desfile saiu pensando.
Sua coleção de outono-inverno,
apresentada na última sexta no
MorumbiFashion Brasil, mostra
um criador em pleno exercício de
seu vocabulário fashion, domando as vontades dos tecidos e se desafiando a cada peça. O evento
termina hoje, depois de mostrar
20 coleções, no MorumbiShopping (zona sul de São Paulo).
"São as mesmas coisas de sempre, só mudam as cores...", desconversa o estilista. Herchcovitch
volta a cobrir o rosto dos modelos, de novo com uma peruquinha geométrica. Assim, seres andróginos acionam um distante
futurismo urbano, ao som de violinos nervosos, caminhando e parando entre portas surrealistas,
no cenário branco.
Usando a alfaiataria como linguagem, Herchcovitch pode trabalhar com a idéia da nova elegância que começa a tomar conta
do mundo. Mas o estilista faz à
sua moda: agora ele brinca de ser
chique. As roupas escondem
muito mais por trás delas do que
se pode ver, em termos conceituais e práticos.
A camisa branca (falsamente
social) vem com saia marrom em
jeans com cintura baixa, sem cós,
pelo joelho, com três tipos de
meias, da soquete à inteiriça. Parece comportado? É moderno.
Um look de listras vem com
blusa, twin-set e t-shirt, tudo ao
mesmo tempo. O agasalho esportivo parece galante, desses que
nossos pais usam, mas ganha falsas costuras ao contrário, no azul.
Já o outro, marrom, cafona, fica
bacana com a costura bem-feita.
O sapato parece de mauricinho,
mas se desdobra em elaboradas
resoluções (botas, mules, boneca), que certamente vão virar hits
de descolados pelo país.
Assim vai o estilista, deliciosamente confundindo os olhos do
espectador, dificultando estereótipos e classificações imediatistas.
As coisas não são mais tão simples. Ao mesmo tempo, trata-se
de uma moda concisa; auto-suficiente. Moda inteligente, enfim,
sem perder a peculiar ironia de
Herchcovitch.
Ícones tradicionais da elegância, como os plissados e a camisa
branca, viram objeto do dominó
fashion do estilista, que inclui
nesse jogo peças em salmão, bege,
preto, vermelho. Volumes, pregas, camadas de tecido e sobreposição no preto encostam na sua
idéia de japonismo anos 80 (também presente em coleções anteriores), década adorada por
Herchcovitch, que nesta temporada volta com propulsão de tendência.
Enfim, um grande estilista.
Avaliação:
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