São Paulo, Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2000


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HIGH-TECH

Em breve, aldeia estará on line

free-lance para a Folha

A aldeia Apiwtxa (pronuncia-se apíutia), que quer se conectar com o mundo pela Internet, não tem hoje nem energia elétrica. Nem quer ter. Pretende usar, em breve, energia solar.
Os ashaninkas querem conhecer tecnologias de ponta do mundo inteiro para selecionar a que vão usar.
A aldeia produz quase tudo o que precisa, inclusive as roupas -túnicas longas feitas em teares manuais. Só compram dos "brancos" sal, óleo e munição.
Ao contrário das demais nações indígenas do Brasil, os ashaninkas nunca andaram nus. Acredita-se que as mulheres dessa tribo aprenderam a tecer com os povos da civilização Inca.
Na aldeia, elas colhem o algodão, formam os fios e tecem para toda a tribo.

Conectados
No Peru, onde são cerca de 55 mil, os ashaninkas já estão na Internet. O sonho de Benke Pianko é conversar com eles todos os dias por e-mail.
"Acho que a Internet deve servir para a união dos povos indígenas", disse ele.
Benke não tem medo de que a rede de computadores leve prejuízos culturais para seu povo. "Vamos querer comprar aquilo que precisarmos, como equipamentos para trabalhar, por exemplo."
Os ashaninkas conquistaram o respeito dos "brancos" da região onde vivem.
São sócios de um deles em uma fábrica de sabonetes de óleo de palmeiras retirado da floresta na cidade de Cruzeiro do Sul, a 750 quilômetros de Rio Branco. A fábrica gera empregos para toda a tribo e também para a população ribeirinha do Amônea.
A área da reserva indígena é de 87 mil hectares. Os ashaninkas vivem da floresta, mas afirmam ser cuidadosos.
Benke é agente agroflorestal. Especializou-se, em vários cursos para aprimorar os conhecimentos da tribo, em reflorestar e enriquecer a floresta com mudas de árvores nobres, como mogno.
"Vendi porcos, galinhas para poder pagar as despesas com o reflorestamento", contou. Ele desenvolveu um plano de manejo para retirar não só as palmeiras usadas na produção do sabonete, mas todas as plantas da floresta, para evitar danos à natureza.
Tudo o que os ashaninkas têm para contar e para vender estará à disposição do mundo na homepage que deve estrear dia 19 de abril, Dia do Índio. (VO)


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