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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO
Poder de Veronika é a cara da cena brasileira
AI, que bom ouvir Roger Sanchez
na U-Turn, na última quinta-feira. Primeiro, porque, contrariando lendárias práticas de DJs que
entram tarde no som, o americano quis começar a tocar logo, tipo
à 0h30. Seguraram o homem, e
ele começou tipo à 1h. Assim,
muita gente perdeu o início de
seu set (o povo chega à 1h30, às
2h), justamente na parte mais
energética e criativa. O som estava altíssimo (do jeito que eu gosto), e a figura de Sanchez enchia a
cabine.
Cheio de white labels na parte
da frente do case ("Carnival" era
um deles), Sanchez mixava rápido, brincando com o volume e
com o crossfader. Principalmente, nessa primeira parte, foi tribal,
intenso, com pitadas de funk e de
faixas latinas originais e engraçadas, que ele cantava junto, feliz.
Dançou na cabine e se empolgou
com a reação quente da pista,
cheia e receptiva. Mas emendou
lá na frente uma sequência de vocais que desmobilizou o povo.
Como se sabe (avisaram ele?),
São Paulo não chega a ser exatamente terra de vocais. Aqui, eles
são usados com parcimônia pelos
DJs, em momentos emocionantes e/ou específicos. Outro problema: a falta de um bar na pista
atrapalhou a noite. Sair para pegar uma bebida levava mais de 15
minutos e dispersava a energia
das pessoas, que tinham que começar tudo de novo na volta.
Mas foi muito bom. Bom ouvir
house americana, forte, em meio
à cultura de deep house ("chique") que assola a cidade. Sobre a
U-Turn: que tal passar uma tinta
no chão ou encarar a tal reforma?
É horrível a impressão de descascado da pintura de espiral.
NA mesma noite, muita gente
passou para conhecer o Jazzy
(Clodomiro Amazonas, 99),
quando tocava ali o Xerxes. Combina muito o elegante
drum'n'bass do produtor no bar
de Arthur Ribeiro, dirigido por
Renato De Cara. Ninguém dançou, mas todo mundo tinha a
sensação de estar num lugar legal,
com gente legal. O bar/clubinho
definiu sua programação para o
mês, com Xerxes às terças, Marcão Morcerf às quartas, Venancio
às quintas, Pil Marques às sextas e
Pareto e Mauricio UM alternando os sábados. A consumação
mínima é R$ 30 para homens e
R$ 20 para mulheres. A luz é que
pode ficar um pouquinho menos
pisca-pisca.
INTEGRANTE clássica da cena
underground de São Paulo, Maria de Los Angeles anda chocada
com a falta de educação clubber
do povo do mainstream. Você
pede licença e ninguém dá, pisam
no seu pé na pista e não se pede
desculpa, as barangas vivem jogando o cabelón na sua cara e não
estão nem aí. Fora a falta generalizada de sorrisos e simpatia, né?
Infelizmente Maria tem razão.
ENQUANTO isso, Danny Tenaglia comemora seus 25 anos de
carreira com uma festa hoje no
Home, em Londres. O clima é de
retrospectiva. A noite teve seus
ingressos antecipados esgotados,
e filas absurdas estão previstas.
Danny vai tocar no mínimo oito horas, mas disse também que,
"enquanto fornecerem água", ele
vai tocando. O DJ está preparado
para tocar até as 12h. "Estarei tocando para uma pista mais madura e informada, por isso quero
refletir minhas raízes", disse. É isso aí, Danny. Pista adulta e informada é a frase da semana.
E está uma loucura o hype brasileiro!! Então vamos avisar o povo
aqui no Brasil também.
Fause Haten é um que está contente: gostou que Pamela Anderson e Diana Ross compraram as
botas com pingos dourados de
sua coleção. Diana Ross até já estreou o babado, em sua festinha
de aniversário, em Los Angeles.
E atenção: dicionários à mão!
Haten foi resenhado pela "Paper", na cobertura da semana de
moda de NY que a revista acaba
de publicar. "Estávamos bem animados para ver o desfile porque a
moda no Brasil está fervilhando",
escreveu o jornalista Mickey
Boarman. "Eram 9h, mas colocamos o alarme", brincou. Ele elogiou os vestidos sobre as calças de
lamê dourado e a estamparia.
ARKADIUS, estilista polonês radicado em Londres, chega domingo ao Brasil para planejar
evento para a Cultura Inglesa.
Acaba de estrear na temporada,
mas já é sensação, caindo nas graças da poderosa Suzy Menkes.
Já foi chamado até de "o novo
John Galliano".
É tempo de viva-o-Brasil também
no mercado editorial. O fotógrafo
JR Duran lança sua produção independente "Freeze", sexy e autoral. Bob Wolfenson e Chico
Lowndes produzem sua "55", em
que o que conta é a qualidade dos
trabalhos, voltados para o mercado internacional. Agora premiada, a "Big" Brasil leva tudo ao pé
da letra e anuncia o tema da próxima edição: grande. Sem falar na
"Wallpaper" sobre São Paulo,
claro, que você já viu. Pena que,
entre tantos pecadilhos de informação, tem a absurda listinha de
"must-buy", em que o primeiro
item que eles recomendam comprar é um... espanador! Ora, francamente. Tem também o disco da
Gretchen, que, segundo o repórter, o gringo precisa ter. Sei. Ele
também passou batido pela vida
noturna da cidade.
MAS tem jornalista de fora pensando nisso. Paul Sullivan, da revista "DJ", está na cidade produzindo extenso material sobre a
cena em São Paulo. Ele está entrevistando DJs, produtores e visitando casas noturnas.
E, por falar em mídia, o empresário de Marky Mark em Londres
ligou para falar das declarações
do DJ à "The Face", reproduzidas
nesta coluna semana passada. Ele
diz que o jornalista da revista inglesa interpretou mal as falas de
Marky (em português, traduzidas
pelo empresário para o inglês),
sobre sua fama e sobre a música
brasileira. Marky teria falado apenas que sua vida mudou muito,
de repente, e que se referia ao axé
e à música pop produzida aqui.
Ele diz também que tem a entrevista gravada e que chegou a falar
depois com o jornalista da "Face", mas que nem vai escrever nenhuma carta para a revista: a
preocupação era com a imagem
que as pessoas no Brasil possam
ter de Marky diante das declarações. A "Movement posse" chega
a São Paulo na semana que vem
para acertar mais intercâmbios
Londres-SP e para anunciar a
participação de Patife em Redding e de Marky no Homelands.
AMANHÃ o povo se joga para a
Lôca para conferir o trabalho dos
jovens Adam Beyer, 24, e Cari Lekebusch, 26, representantes do
tecno feito na Suécia. Mas nem
espere tech-house, diz que no Rio
os dois pesaram a mão.
Bem, então vão tocar no lugar
certo, já que os DJs da casa estão
cortando lenha mesmo. E planeje
sua vida: sexta que vem tem Derrick May no Lov.e.
QUE pena. A "Sui Generis" fechou. Está nas bancas o número
55 da revista que ajudou a amaciar comportamentos e trouxe
outros tratamentos à comunidade gay no Brasil. A "Sui" começou há quatro anos, por iniciativa
de Nelson Feitosa, e foi a primeira
no país a retratar na mídia seus
personagens, pelo viés da cultura,
da moda e da personalidade, falando de sexo sem baixaria (talvez a causa do fim), sem expor
ninguém. Orgulhosamente, escrevi o texto principal do número
zero e, como todos, sentirei falta
das colunas de João Silvério Trevisan, Vange Leonel e Ronald Villardo e dos sempre abusados editoriais de moda. A editora SG
Press continuará com sua outra
publicação, a "Homens".
VAI ao show do Morrissey? Claro, né? Os mais animados podem
já ir entrando no clima com a festa em homenagem a ele na noite
Grind, da Lôca (Frei Caneca, 916),
neste domingo, no mês que comemora os dois anos do projeto.
Parabéns ao André Pomba.
E quem também faz aniversário é
a top drag Veronika. Eleita melhor drag de 99 pelos leitores desta coluna, Veronika passou maus
bocados com o clube que tentou
abrir e não deu certo. Ficou deprimida e perdeu a vontade de tudo. Mas, como boa drag (e boa
brasileira), deu a volta por cima e
voltou belíssima. "Ser a drag do
ano me motivou a querer ser algo
de novo, a buscar algo novo, a
querer ser Veronika mais uma
vez. Parece mentira, mas sobrevivi." E aí está a meiga, em seu novo
look (a trecaiada é de Walério
Araujo), com seu novo clã, com
seu novo show, aos domingos na
Mad Queen. Boa sorte, amiga!
E-mail: palomino@uol.com.br
Tem gente perguntando ainda: era de Calvin
Klein o vestido da chata Gwynelth Paltrow;
de Versace, o de Angelina Jolie (nem parecia,
né?), de Alberta Ferretti, o de Uma Thurman.
Keanu Reeves usava Prada. E não perca, na
semana que vem, a continuação da polêmica
"O trance está morto?".
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