|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RELÂMPAGOS
Nevralgia
JOÃO GILBERTO NOLL
Uma porta a bater. Papéis
esvoaçam na ausência do almoço. Com um tijolo estanco
a porta. A vizinha lava. "O
que houve?", pergunto. "Como assim?", ela responde
mais feia do que nunca. "Não,
não foi nada", concluo passando a mão no peito, à procura de minha nevralgia benigna. Mas essa quase grata
pena anda sumida, quem sabe levada pelo ralo de um gozo que nem percebi. Pois eis-me aqui, todo acostumado
com a súbita voragem que
nunca se converte em dor
completamente, a se eriçar
em saltos mortais entre as
costelas, logo aplacada por
uma carícia no diâmetro cardíaco. Enfim... Olha a vizinha... Não parece o filho travestido?
Texto Anterior: "Kiss & Tell" mostra como todos são muito esquisitos Próximo Texto: Fernando Gabeira: Estariam as CPIs roubando audiência das novelas? Índice
|