São Paulo, Segunda-feira, 31 de Maio de 1999
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RELÂMPAGOS
Nevralgia

JOÃO GILBERTO NOLL

Uma porta a bater. Papéis esvoaçam na ausência do almoço. Com um tijolo estanco a porta. A vizinha lava. "O que houve?", pergunto. "Como assim?", ela responde mais feia do que nunca. "Não, não foi nada", concluo passando a mão no peito, à procura de minha nevralgia benigna. Mas essa quase grata pena anda sumida, quem sabe levada pelo ralo de um gozo que nem percebi. Pois eis-me aqui, todo acostumado com a súbita voragem que nunca se converte em dor completamente, a se eriçar em saltos mortais entre as costelas, logo aplacada por uma carícia no diâmetro cardíaco. Enfim... Olha a vizinha... Não parece o filho travestido?


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