São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Veneza terá dois brasileiros em mostra

Seção Horizontes incluirá filme de Daniela Thomas e Felipe Hirsch e longa de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes

LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Um cinema brasileiro que experimenta nos temas e na linguagem será exibido no 66º Festival de Veneza, de 2 a 12 de setembro. "Insolação" de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, e "Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo", de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, foram selecionados para a mostra Horizontes, dedicada às obras que buscam novos caminhos.
"Viajo Porque Preciso" é, para Gomes, "um filme na fronteira entre gêneros, que dialoga com ficção, documentário e artes plásticas". O longa acompanha um geólogo (Irandhir Santos) pelo sertão nordestino.
Segundo o cineasta, ao longo da jornada, os sentimentos do protagonista são cada vez mais influenciados pelo ambiente. "O vazio das paisagens passa uma forte sensação de abandono, e isso se junta ao drama dele", diz o diretor de "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005).
O projeto de "Viajo Porque Preciso" tem base documental. Em 1999, Gomes e Aïnouz viajaram por 40 dias para captar imagens para o curta "Sertão de Acrílico Azul Piscina". Parte dos registros foi usada no novo longa, e os diretores voltaram à região há um ano e meio para rodar o material ficcional.
"Tentamos fazer um filme que refletisse o impacto que o sertão causa nas pessoas, que traduzisse essa nossa travessia de 1999", diz Gomes, parceiro de longa data de Aïnouz, diretor de "O Céu de Suely" (2007).
Amor, melancolia e solidão também formam o universo de "Insolação", estreia no cinema do diretor teatral Felipe Hirsch e quarto longa de Daniela Thomas -dupla que há nove anos trabalha junta no teatro.
Inspirado em contos de autores russos do século 19, o filme mostra histórias de amor que se entrelaçam e tem no elenco Paulo José, Simone Spoladore, Leonardo Medeiros e Leandra Leal. "A ideia era fazer um filme que ficasse na cabeça do espectador após a sessão", afirma Hirsch, que iniciou o projeto em 2003. Ele e Daniela pediram aos americanos Will Eno e Sam Lipsyte que criassem o roteiro a partir de textos de nomes como Tchecov e Pushkin.
"Queríamos capturar a forma simples e seca que os russos têm de falar sobre o amor", diz Daniela. A história foi filmada em Brasília, "uma cidade que representa uma utopia que falhou" e que por isso se tornou um cenário "fundamental" para o filme, segundo Hirsch.
Entre os 23 filmes que disputam o Leão de Ouro na mostra principal, destaque para longas de veteranos como o alemão Werner Herzog e o francês Jacques Rivette, e de nomes em ascensão, como o alemão Fatih Akin. Veneza promete sua dose de polêmica, com o documentário de Michael Moore sobre a crise financeira e o novo de Oliver Stone, sobre o presidente venezuelano Hugo Chávez.


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