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Veneza terá dois brasileiros em mostra
Seção Horizontes incluirá filme de Daniela Thomas e Felipe Hirsch e longa de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes
LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Um cinema brasileiro que experimenta nos temas e na linguagem será exibido no 66º
Festival de Veneza, de 2 a 12 de
setembro. "Insolação" de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, e
"Viajo Porque Preciso, Volto
Porque te Amo", de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, foram
selecionados para a mostra Horizontes, dedicada às obras que
buscam novos caminhos.
"Viajo Porque Preciso" é, para Gomes, "um filme na fronteira entre gêneros, que dialoga
com ficção, documentário e artes plásticas". O longa acompanha um geólogo (Irandhir Santos) pelo sertão nordestino.
Segundo o cineasta, ao longo
da jornada, os sentimentos do
protagonista são cada vez mais
influenciados pelo ambiente.
"O vazio das paisagens passa
uma forte sensação de abandono, e isso se junta ao drama dele", diz o diretor de "Cinema,
Aspirinas e Urubus" (2005).
O projeto de "Viajo Porque
Preciso" tem base documental.
Em 1999, Gomes e Aïnouz viajaram por 40 dias para captar
imagens para o curta "Sertão de
Acrílico Azul Piscina". Parte
dos registros foi usada no novo
longa, e os diretores voltaram à
região há um ano e meio para
rodar o material ficcional.
"Tentamos fazer um filme
que refletisse o impacto que o
sertão causa nas pessoas, que
traduzisse essa nossa travessia
de 1999", diz Gomes, parceiro
de longa data de Aïnouz, diretor de "O Céu de Suely" (2007).
Amor, melancolia e solidão
também formam o universo de
"Insolação", estreia no cinema
do diretor teatral Felipe Hirsch
e quarto longa de Daniela Thomas -dupla que há nove anos
trabalha junta no teatro.
Inspirado em contos de autores russos do século 19, o filme
mostra histórias de amor que
se entrelaçam e tem no elenco
Paulo José, Simone Spoladore,
Leonardo Medeiros e Leandra
Leal. "A ideia era fazer um filme
que ficasse na cabeça do espectador após a sessão", afirma
Hirsch, que iniciou o projeto
em 2003. Ele e Daniela pediram aos americanos Will Eno e
Sam Lipsyte que criassem o roteiro a partir de textos de nomes como Tchecov e Pushkin.
"Queríamos capturar a forma simples e seca que os russos
têm de falar sobre o amor", diz
Daniela. A história foi filmada
em Brasília, "uma cidade que
representa uma utopia que falhou" e que por isso se tornou
um cenário "fundamental" para o filme, segundo Hirsch.
Entre os 23 filmes que disputam o Leão de Ouro na mostra
principal, destaque para longas
de veteranos como o alemão
Werner Herzog e o francês Jacques Rivette, e de nomes em ascensão, como o alemão Fatih
Akin. Veneza promete sua dose
de polêmica, com o documentário de Michael Moore sobre a
crise financeira e o novo de Oliver Stone, sobre o presidente
venezuelano Hugo Chávez.
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