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CINEMA/ESTREIAS
Crítica/"Osvaldinho da Cuíca: Cidadão Samba"
Fita de samba vale por registro histórico
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Considerando que o próprio Osvaldinho codirige o documentário, podemos chamar "Osvaldinho da
Cuíca: Cidadão Samba" de autocinebiografia de um dos nomes mais importantes da história do samba de São Paulo.
O trabalho vem agregar mais
um elemento à atual leva de
projetos que buscam documentar as origens do samba na cidade -o que inclui a série de CDs
"Memória do Samba Paulista",
lançada na semana passada, e o
livro "Batuqueiros da Pauliceia" (Barcarolla), escrito a
quatro mãos por André Domingues e... Osvaldinho da Cuíca.
"Cidadão do Samba" é curto:
apenas 48 minutos de duração.
Gravado em digital, tem escassas imagens de arquivo -quase
todas relativamente recentes.
Os depoimentos também são
ralos, parecendo mais declarações de amor ao biografado (como o de Beth Carvalho: "Tenho
orgulho de ser amiga de Osvaldinho" -sim, mas e daí?) do
que revelações sobre algum fato realmente importante.
Primeira pessoa
As qualidades do documentário, portanto, concentram-se
em um único ponto: os novos
registros do próprio Osvaldinho -hoje com 69 anos.
Passista, compositor, instrumentista, intérprete e estudioso do samba, é ele mesmo que
narra, em primeira pessoa, sua
história. E defende a importância do resgate das raízes rurais
que o samba paulista abandonou assim que foi obrigado a seguir, a partir do final dos anos
60, os padrões cariocas.
Em alguns momentos, "Cidadão do Samba" mais parece
uma videoaula. Carismático,
Osvaldinho demonstra, diretamente para a câmera, seus conhecimentos técnicos na baliza
(usada como elemento cênico
nos cordões carnavalescos pré-anos 70), na caixa de engraxate,
na frigideira (tocadas como instrumentos de percussão), no
pandeiro e, claro, na cuíca.
Também ensina na prática as
diferentes modalidades de
samba no pé: miudinho, embaixada, amolador, corta-jaca, machucadinho e separa o visgo
-sutilezas coreográficas de
que boa parte do mundo aqui
fora nunca ouviu falar.
O personagem termina o filme cantando os versos de Toniquinho Batuqueiro, outro mestre da velha guarda paulista.
"Samba nunca deu camisa, minha avó sempre dizia / Sambador não vale nada, dorme na
calçada, não cuida da família."
A vontade de Osvaldinho, isso aparece no filme, é fazer com
que as avós mudem de ideia.
OSVALDINHO DA CUÍCA: CIDADÃO SAMBA
Direção: Toni Nogueira, Simone Soul e
Osvaldinho da Cuíca
Produção: Brasil, 2008
Onde: no CineSesc, às 20h30
Classificação: livre
Avaliação: regular
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