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MODA - ANÁLISE
Estilistas crescem com desfiles de verão
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Afinal, o que vai estar na moda
no próximo verão? Depois de 20
desfiles em cinco dias, realizados
no Jockey Club de São Paulo dentro do MorumbiFashion Brasil,
vemos uma temporada de mudanças na moda brasileira.
Comemorando dois anos de
existência, o evento prova que um
calendário consolidado de lançamentos era mesmo fundamental
para o desenvolvimento do mercado no país. Agora, tecelagens,
confecções, estilistas, agências de
modelos e mídia precisam (cada
vez mais) acertar os ponteiros.
Com essa engrenagem em funcionamento, podemos ver, finalmente, os estilistas em pleno exercício de sua função. Para tanto, os
criadores livraram-se de excessos
da linguagem e dos exageros na
edição dos desfiles. Entraram na
passarela as essências das idéias,
peças concentradas que, numa só,
continham às vezes todo o fundamento do desfile, numa prova de
amadurecimento e da valorização
da figura do editor ou stylist.
Resultado: desfiles mais curtos e
redondos, com poucos básicos e
mais fashion (o que as grandes
marcas chamam de collection).
As exceções: Ellus e Zoomp, para
recuperar o espaço nesse segmento. Conforme se esperava, o tecido
(sobretudo os naturais como o algodão e o cru) ditam as novas regras do jogo, valorizando o talento
de quem lida com a técnica da
moulage e tem criatividade para
valorizar os materiais do momento. Aqui, o uso da tecnologia têxtil
também vale, com aplicações de
silicone, silk etc.
Em termos mais objetivos, em
que apostar? Os fashionistas apontam qualquer coisa laranja (ou
tangerina, como convém), toda
preta ou toda branca, ou em suas
combinações. O off-white (variações do branco) faz boa liga, junto
ao uso parcimonioso do cinza.
O japonismo (a referência explícita aos mestres Yohji Yamamoto,
Comme des Garçons, sobretudo
em seu estilo anos 80) também
prevalece, aplicado no conceito
das novas embalagens do corpo
(como na G), da tranquilidade
campestre (Renato Loureiro) ou
da exploração de forma & material
(os jérseis de Walter Rodrigues).
Sexo e nudez não podem faltar
ao verão brasileiro, vide Alexandre Herchcovitch e Fause Haten
(em temporada revolucionária
que não deixou pedra sobre pedra
de sua tradicional pompa).
Em termos de estilo, destacam-se ainda as sobreposições étnicas-urbanas da Equilíbrio; a
neojuventude fina de Walter Rodrigues; o underwear e os novos
smokings de Ricardo Almeida,
busca pelo homem mais moderno,
também vista na Zoomp, Alexandre Herchcovitch e Beneduci.
A geometria e as linhas das artes
plásticas apareceram em criativos
desdobramentos formais, sobretudo para Forum e Patachou, junto a M.Officer e Iódice, em diferentes abordagens.
Essa temporada de lançamentos
foi marcada pela entrada de novos
estilistas dentro de marcas já estabelecidas, num procedimento
saudável que ocorre também em
grandes marcas do Planeta Fashion. Assim, os jovens criadores se
exercitam, pagam suas contas e renovam com o frescor de suas
idéias práticas e estilos estagnados.
Com estardalhaço, vimos Alexandre Herchcovitch levantar o
gigante Zoomp -poderoso, mas
adormecido. Há rumores de que
um projeto a médio prazo levaria
Herchcovitch a assinar sozinho a
criação da grife. Aparentemente,
por enquanto, o esquema dá sinais
de vigor e bom funcionamento.
Nomes como Jum Nakao e Alessia
Anzaloni (revelada pelo Phytoervas Fashion) pertencem à atual e
azeitada equipe. Seria pena mexer.
Junto ao filhote Zapping, é Marcelo Sommer quem joga lenha na
fogueira, assinando pela primeira
vez o masculino da marca, também com êxito.
Outra mudança gritante aconteceu na Ellus, que importou da Europa Alexandre Mattos, tirando da
grife de Nelson Alvarenga o peso
overfashion de outras coleções.
Marcou pontos também a atitude européia, jovem e irônica da
coleção da Beneduci, assinada por
Henry Alavez.
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