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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Adquirida agora por Adolpho Leirner, coleção fez parte da primeira casa modernista de São Paulo

Pinacoteca expõe móveis de Warchavchik

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O colecionador Adolpho Leirner, detentor da mais importante coleção de arte construtivista brasileira, já desistira de ampliar seu acervo havia mais de dez anos, mas uma oferta o fez mudar de idéia. Um marchand paulista tinha em mãos dez móveis produzidos por Gregori Warchavchik expostos na casa modernista da rua Itápolis, no bairro de Higienópolis, em São Paulo, onde circulou a nata modernista paulista.
Para se ter uma idéia, a inauguração do local, em 26 março de 1930, foi feita como Exposição da Casa Modernista e lá estavam, além dos móveis desenhados por Warchavchik, obras de Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Oswaldo Goeldi, Di Cavalcanti e Cícero Dias, para citar apenas as obras de artes plásticas. A exposição durou menos de um mês e foi vista por mais de 20 mil pessoas, numa cidade que então não contava com um milhão de habitantes. Desde então, os móveis de Warchavchik não vinham a público.
"Foi algo que eu jamais esperava encontrar, é um conjunto único e não resisti", conta Leirner, 67, que não revela o valor da aquisição. "Essas peças representam o início do design brasileiro e do construtivismo", afirma o colecionador, que possui cerca de 130 obras e comemora agora, 40 anos da aquisição de sua primeira peça, uma tela de Milton Dacosta.
No próximo dia 13, os móveis serão expostos na Pinacoteca do Estado. Oportunamente, a mostra ocorre um dia antes da abertura da 5ª Bienal de Arquitetura e Design. Na Pinacoteca, os móveis se encontram na reserva técnica e não puderam ser fotografados.
Todos são pintados em prata, das poltronas reclináveis aos armários e sofá, e os assentos feitos com tecido azul. "Quero manter os móveis como eles estão, possivelmente só os tecidos do sofá tenham sido trocados, mas deve ter sido na década de 40", conta o colecionador e especialista no assunto, já que sua formação é em engenharia têxtil.
Logo após o encerramento da exposição de 1930, os móveis foram doados por Warchavchik ao crítico de arte, jornalista e amigo Geraldo Ferraz (1905-1979), que foi casado com a escritora e militante política Patrícia Galvão, a Pagu. Geraldo Galvão Ferraz, filho do casal, recebeu a coleção do pai na década de 70 e foi ele quem vendeu, por meio de um antiquário, as peças à Leirner.
Segundo carta de Galvão Ferraz, que teve Warchavchk como padrinho de casamento, a Leirner, os móveis chegaram a fazer parte da primeira casa modernista projetada pelo arquiteto e designer, em 1927.


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