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GASTRONOMIA
Cozinha mediterrânea opta por simplicidade
CRISTIANA COUTO
especial para a Folha
A vinda a São Paulo do francês
Alain Ducasse -um dos melhores
chefs do mundo- chama a atenção para a tendência mediterrânea
em vários restaurantes da cidade.
Ducasse, que fará quatro jantares e um almoço no restaurante da
boate O Leopolldo, de 8 a 11 de novembro, é aclamado pela cozinha
simples que pratica no Le Louis 15,
em Monte Carlo.
Em casas paulistanas como o Jerônimo, Dolce Villa e Zola, cerca
de 50% do cardápio tem inspiração na culinária mediterrânea
-baseada em legumes, grãos, peixes e frutas, regados a muito azeite
e alho.
"É uma cozinha que valoriza o
sabor dos produtos em si", diz a
chef Lindinha Sayão, do Dolce Villa. Amêndoas, berinjela, ervas variadas e muito azeite surgem em
várias opções de pratos leves e sem
molhos da casa.
Jerônimo Jr. abandonou a linha
de "fast food" que praticava no
Vila Florida e decidiu fazer uma
cozinha "sem pretensão, leve e
saudável".
"Acho que é uma tendência
mundial optar por coisas saudáveis, trocar a manteiga pelo azeite,
sentir o sabor dos alimentos", diz
o chef e proprietário do restaurante Jerônimo, inaugurado em julho.
Com a introdução de novos pratos no cardápio do La Tambouille,
o chef italiano Alessandro Segatto,
ex-Gero, imprime há três meses
seu estilo mediterrâneo na casa.
"Mas vou devagar, para as pessoas se acostumarem", ressalta.
Restaurantes antigos, como o
Compagnia Marinara ou o Trebbiano, instalado no L'Hotel, apostam há alguns anos no sabor mediterrâneo. A caçarola de frutos do
mar do Compagnia e a salada de
vieiras mornas do Trebbiano
-pratos famosos nas casas- são
a prova do gosto por essa culinária.
Incutida nos cardápios das cantinas italianas, dos restaurantes
franceses e espanhóis, e conhecida
do público pela moussaka (grega)
ou pelo tabule (árabe) -para citar
alguns-, a cozinha da região mediterrânea não é novidade.
"Ela já era praticada pelos mouros há pelo menos 3 mil anos",
lembra o consultor gastronômico
Luiz Cintra. "Mas as pessoas aqui
se esquecem um pouco da cozinha
da Grécia, do Marrocos, do Egito", completa.
Indiscutivelmente saudável, a
culinária mediterrânea praticada
na cidade gera, entretanto, alguma
polêmica.
Carlos Siffert, do Tambor: "Há
confusão com a cozinha italiana".
Luiz Cintra, consultor gastronômico: "Virou um produto de marketing". Massimo Barletti, do
Trebbiano: "As frutas não têm o
mesmo sabor de lá".
"Não adianta fazer torta de espinafre doce, um prato típico do sul
da França, porque as pessoas não
vão se identificar", comenta Siffert.
Regina Pinheiro, do Zola, acha
que as pessoas ainda são conservadoras. Assim, exercita receitas
com toques mediterrâneos em menus promocionais.
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