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Record rescinde contrato com o âncora Boris Casoy
Projeto extra-oficial da emissora é fazer "clone" do "Jornal Nacional"
RICARDO FELTRIN
EDITOR-CHEFE DA FOLHA ONLINE
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A direção da TV Record rescindiu ontem à tarde o contrato com
o jornalista e âncora Boris Casoy,
64, que venceria no final de 2006.
Segundo a Folha apurou, a intenção da emissora é fazer do
"Jornal da Record", apresentado
por Casoy, um "clone" do "Jornal
Nacional", da Globo, a partir de
2006, ano de eleições presidenciais. A proposta de se assemelhar
ao concorrente havia sido feita ao
âncora cerca de oito meses atrás.
A direção sugeriu, inclusive, que
ele dividisse a bancada com uma
mulher, seguindo a linha do casal
William Bonner e Fátima Bernardes. Casoy, cujo contrato prevê liberdade editorial, não concordou.
O "Jornal da Record" está entre os
três maiores faturamentos da rede e nos últimos meses teve crescimento de audiência (sete pontos), impulsionado pela bem-sucedida novela "Prova de Amor".
Em entrevista à Folha, Casoy
apenas confirmou a rescisão, disse que já a esperava e que os termos de rompimento foram amigáveis. Ele deverá fazer um acordo com a Record para receber a
multa por rescisão contratual.
Casoy, que já recebeu convites
de outras redes, afirmou que não
planeja se aposentar agora, apesar
de não ter ainda outro trabalho
em vista. Ele viaja hoje ao exterior
e só deve retornar em 30 dias.
Além dele, Dácio Nitrini, diretor-executivo, Sallete Lemos, comentarista econômica e âncora-substituta e Selma Lins, editora-chefe, foram cortados. A decisão
pegou a equipe do "Jornal da Record" de surpresa. Sallete Lemos
foi informada ao chegar à Redação para apresentar o telejornal, já
que estaria de plantão no lugar de
Casoy. Às pressas, a repórter Cristina Scaff foi convocada.
A rescisão ocorreu após reunião
na sede da rede, na Barra Funda
(SP), entre o âncora e dirigentes
da casa. Casoy liderava uma "estrutura à parte", com equipes de
reportagem e produção separadas dos demais jornalísticos, e se
reportava diretamente à presidência. Não era vinculado à direção de jornalismo, nas mãos de
Douglas Tavolaro, responsável
pelos outros telejornais, que agora assumirá o "Jornal da Record".
A emissora não anunciou quem
o substituirá. Há meses, surgiram
rumores de que Carlos Nascimento, da Band, fora sondado,
mas a Record descarta esse nome.
Casoy negou ontem ter sofrido
pressão da Igreja Universal (dona
da Record) desde sua admissão,
há oito anos. "Pelo contrário. Todas as vezes em que houve tentativas de interferência política por
parte do governo Lula -e a pressão foi forte-, a Record me defendeu com unhas e dentes.".
Segundo a Folha apurou, a presidência da Record relatou a Casoy que o governo não admitia
críticas e que teria chegado a sugerir nomes para substituí-lo e a
ameaçar corte de publicidade estatal no "Jornal da Record". Também teria reclamado da cobertura
dada a temas desgastantes para o
Planalto, como o caso Celso Daniel e a CPI do Banestado.
Casoy chegou à Record em junho de 97, vindo do SBT, onde comandou por nove anos o "TJ Brasil". O jornal tinha bom ibope e
ressuscitou o então incipiente jornalismo da TV de Silvio Santos.
Na Record, assinou por dois
anos e meio, naquela que foi considerada a maior contratação da
história do canal. O contrato foi
renovado por quatro anos em 98,
e por mais dois anos em 2002. O
acordo previa outro programa, o
"Passando a Limpo". Em seu site,
a Record descreve Casoy como
"um dos profissionais de maior
credibilidade no país", cujos comentários são "uma marca no telejornalismo brasileiro".
A Folha tentou entrevistar o diretor de jornalismo ontem, mas
foi informada de que ele estava
em reunião com a presidência. A
reportagem também não localizou a direção de comunicação.
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