São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 2006

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Crítica

Filmes refletem sobre uma nova vida

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ano termina num domingo e reinicia, nomeado de 2007, na segunda. Parece até que, à meia-noite, receberemos um passaporte que nos permitirá sair de 2006 para ingressar em nova vida, começada do zero.
Os canais pagos programaram alguns filmes fundamentais a essa idéia. Primeiramente, a esperança do caderno em branco pós-meia-noite, em "Prenda-me se For Capaz" (Fox, 17h). Aqui o genial farsante Leonardo DiCaprio, a horas tantas, pensará em trocar a ilegalidade pela lei, como se a partir dali fosse possível haver uma nova vida. Para este Spielberg antes de "Munique", os traumas podem ser apagados da página da vida.
Já em "De Olhos Bem Fechados" (Max Prime, 19h45), último longa de Stanley Kubrick, está claro que jamais nos descontaminamos de certas revelações. Tom Cruise é o marido cuja esposa (Nicole Kidman) revela que desejou ardentemente um homem. Ela nunca o traiu, mas a sua confissão o deixa transtornado, pois a imagem torna-se real em sua cabeça.
Ele, assolado por várias fantasias sexuais, como sua mulher, tentará pô-las em prática, algo que o filme mostrará improvável. Este homem atravessará a noite nova-iorquina do mesmo modo que nós atravessamos o Réveillon: tentando se livrar do trauma, buscando algo de concreto em seus sonhos, mas tendo em mãos apenas os sonhos de novos tempos. Porque a vida continua.


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