|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Filmes refletem sobre uma nova vida
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ano termina num domingo
e reinicia, nomeado de 2007,
na segunda. Parece até que, à
meia-noite, receberemos um
passaporte que nos permitirá
sair de 2006 para ingressar em
nova vida, começada do zero.
Os canais pagos programaram alguns filmes fundamentais a essa idéia. Primeiramente, a esperança do caderno em
branco pós-meia-noite, em
"Prenda-me se For Capaz"
(Fox, 17h). Aqui o genial farsante Leonardo DiCaprio, a horas tantas, pensará em trocar a
ilegalidade pela lei, como se a
partir dali fosse possível haver
uma nova vida. Para este Spielberg antes de "Munique", os
traumas podem ser apagados
da página da vida.
Já em "De Olhos Bem Fechados" (Max Prime, 19h45),
último longa de Stanley Kubrick, está claro que jamais nos
descontaminamos de certas revelações. Tom Cruise é o marido cuja esposa (Nicole Kidman) revela que desejou ardentemente um homem. Ela
nunca o traiu, mas a sua confissão o deixa transtornado, pois a
imagem torna-se real em sua
cabeça.
Ele, assolado por várias fantasias sexuais, como sua mulher, tentará pô-las em prática,
algo que o filme mostrará improvável. Este homem atravessará a noite nova-iorquina do
mesmo modo que nós atravessamos o Réveillon: tentando se
livrar do trauma, buscando algo de concreto em seus sonhos,
mas tendo em mãos apenas os
sonhos de novos tempos. Porque a vida continua.
Texto Anterior: Bia Abramo: Alguns votos para 2007 Próximo Texto: Crítica/"Central da Periferia": Casé desbrava a cultura da periferia Índice
|