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Estrela solitária

"Heleno", que estreia hoje, faz retrato do 1º jogador-problema do futebol brasileiro

Divulgação
Rodrigo Santoro em cena do filme 'Heleno', que estreia hoje
Rodrigo Santoro em cena do filme 'Heleno', que estreia hoje

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO

Nesta semana, o craque Edmundo se despediu dos campos. No auge da carreira, fez fama fora deles por seus casos e por seu pavio curto. Mas, se chamava atenção nos anos 1990, a história do artilheiro não é pioneira.

"Heleno", que chega hoje aos cinemas, resgata a primeira estrela dessa complicada linhagem de jogadores-problema que adorna o folclore brasileiro.

Heleno de Freitas (1920-1959) foi referência do Botafogo na década de 1940, mas teve a carreira eclipsada pelos excessos fora dos campos.

"A história dele é bastante atual", afirma Rodrigo Santoro, que interpreta o craque no longa de José Henrique Fonseca. "Nos anos 1940, ele gostava de mulheres, bebida e carros. A diferença que me atraiu é que Heleno escutava ópera e jogava futebol."

DOENÇA E DECADÊNCIA

Nas aventuras, Heleno contraiu sífilis, que atingiu seu cérebro, levando-a à loucura, ao abandono precoce do futebol e à morte, em 1959.

"Eu não queria fazer um filme sensacionalista. Heleno tomou eletrochoque, mas evitei chocar as pessoas", conta o vascaíno Fonseca.

O maniqueísmo não foi a única coisa que o cineasta tentou afastar do projeto.

"Não me arrisquei a filmar o futebol. Acho muito difícil reproduzir a emoção de ver um jogo", explica Fonseca, que usou estrutura semelhante à do filme "Por Amor" -longa sobre um jogador de beisebol que repassa a vida durante um jogo importante.

Em "Heleno", a partida foi um empate entre Botafogo e Fluminense. Apesar das poucas cenas em campo, Santoro treinou cinco semanas com o ex-jogador Claudio Adão e tomou aulas de dança com Marcelo Misailidis.

Como qualquer jogador, Santoro põe a culpa no técnico por sua curta performance em campo. "Fiz um gol de falta incrível. Mas não entrou no filme. A cena precisa entrar nos extras do DVD."

"A escolha foi proposital", diz Fonseca. "Tomei decisões que deixaram o filme mais seco e árduo." O resultado é uma biografia com lacunas.

Uma das cenas que não viram a luz do dia é curiosa.

Para se vingar da torcida do Fluminense, que, por sua vaidade, o chamava de "Gilda" (em alusão à personagem vivida por Rita Hayworth em 1946), Heleno dribla o goleiro, faz embaixadas e cabeceia para o fundo da rede.

"O cabelo cai sobre a testa, ele tira um pente e manda um beijo para a torcida", conta Santoro gargalhando. "Gostaria de ter visto isso, mas falo como um moleque que gosta de futebol. É preciso respeitar a decisão do diretor."

Santoro, contudo, poderia ter discutido mais sobre o corte final. O astro também é produtor do filme -que custou R$ 8,5 milhões- e foi a uma reunião com um famoso botafoguense que mudou o destino de "Heleno", um projeto que circulava havia oito anos.

"Me ligaram dizendo que Eike Batista iria bancar metade. Achei que era brincadeira, até que li no jornal", diz o produtor Rodrigo Teixeira.

Agora, falta superar o preconceito contra longas de futebol. "O filme é sobre um homem que saiu dos trilhos. O futebol está em segundo plano", diz Fonseca.

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