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Crítica Drama

Em 'Heleno', decadência do astro esconde seu futebol

Rodrigo Santoro não mostra habilidade, mas comove nas partes trágicas

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Uma boa notícia para quem gosta de cinema e uma má para quem gosta de futebol: com excelente fotografia em preto e branco de Walter Carvalho, "Heleno" não é um filme sobre o jogo; nem mesmo é sobre o jogador.

Trata da história da ascensão e queda de um ídolo, mais da queda do que da ascensão. E, aí, Heleno é um atleta como poderia ser um artista ou um político, amado e odiado.

Heleno de Freitas brilhou no Botafogo nos anos 1940, quando nem número se usava na camisa, e frequentou a alta sociedade carioca, destruindo corações e se dando às paixões como ninguém.

Morreu louco, num sanatório em Barbacena (MG), antes dos 40, período que o filme retrata com sensibilidade e que vale a Rodrigo Santoro uma atuação comovente e convincente, embora não se possa dizer o mesmo em relação ao seu desempenho como jogador.

Poucas coisas, por sinal, são tão difíceis de recriar no cinema como o ambiente futebolístico.

Artilheiro de quase um gol por jogo tanto no Botafogo (235 jogos, 206 gols) quanto na seleção (18 jogos, 14 gols), bacharel em direito e filho de família rica, adotou uma vida desregrada e promíscua, movida a champanhe, lança-perfume e éter puro, o que lhe valeu contrair sífilis nos cabarés por onde andava.

Evitou tratar a doença com a penicilina que podia curá-lo porque temia ficar impotente e não ter força para jogar -obcecado pela ideia de disputar a Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, que fora erguido para recebê-la.

Pois Heleno não só não foi convocado como pisou no gramado do estádio apenas uma vez, já decadente, pelo América e por 25 minutos.

Antes, passara pela Colômbia, onde um jovem jornalista extasiou-se com sua atuação: Gabriel García Márquez.

No filme de José Henrique Fonseca, talvez fique a impressão de que a sífilis foi responsável por suas loucuras, quando, de fato, Heleno sempre esteve fora da casinha.

Não vi Heleno de Freitas jogar; apenas li e gostei do que li. Ao ver o filme, fiquei com gosto de quero mais.

HELENO

DIREÇÃO José Henrique Fonseca
PRODUÇÃO Brasil, 2011
ONDE nos cines Eldorado Cinemark, Reserva Cultural e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular

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