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Heróis nos anos 1980, fortões voltam à carga em Hollywood

Filmes que estreiam no próximo verão americano reabilitam a figura do protagonista brutamontes, ainda que envolta em autoironia

PHIL HOAD
DO “GUARDIAN”

A confirmação do retorno de Arnold Schwarzenegger, 64, à comédia chegou dois meses atrás, com o anúncio da sequência de "Irmãos Gêmeos": "Triplets" (trigêmeos), com Eddie Murphy.

Quando o filme chegar aos cinemas, Arnold já terá estrelado o thriller de ação "The Last Stand" (ainda sem tradução) e feito a caminhada explosiva em câmera lenta de "Os Mercenários 2". O próximo verão americano não deixará dúvidas: o astro de ação sarado dos anos 1980 voltou.

Há um sanduíche triplo de músculos em "Os Vingadores", que reúne Capitão América, Thor e Hulk (e tem estreia no Brasil prevista para a próxima sexta). Em julho, as concentrações de testosterona vão subir ainda mais com as continuações de "Homem-Aranha" e "Batman".

As produções dos marombados na década de 1980 tinham certo ar de cartum, pitadas de absurdo e inclinação à violência leviana.

Ao mesmo tempo, porém, o gênero se levava a sério, com um narcisismo hoje impossível, já que o público está bem mais a par das drogas envolvidas, das associações políticas e das limitações de heróis dessa cepa. Os "bombados" tiveram de encarar a realidade: ninguém mais se espanta com um bíceps que parece um pico do Himalaia.

FÓRMULA GASTA

Apesar de sua bilheteria não ter decepcionado (US$ 103 milhões, só nos EUA), o recente "Os Mercenários" (2010) demonstra os perigos de repetir a velha fórmula sem aplicar sobre ela um verniz de ironia. Como opinou o crítico Peter Bradshaw, o longa parece "ser ambientado na clínica de cirurgias de próstata mais viril do mundo".

O belga "Bullhead", um dos indicados ao Oscar de título estrangeiro neste ano, joga com essa ideia em sua dimensão trágica, enfocando um brutamontes castrado.

Já "Shame", de Steve McQueen, é o filme espiritual sobre a "húbris" (termo grego para desmesura, confiança exacerbada) do marombado. O modo como o diretor enquadra Michael Fassbender em closes, tão monumentais quanto arranha-céus, faz da beleza algo exagerado.

Em tempos sombrios como os de hoje, as pessoas sempre tentam voltar ao passado. Mas o cenário é outro. Sabemos o segredo que pulsa no coração dos velhos marombados: o corpo não mente. É como diz Schwarzenegger a certa altura de "O Exterminador do Futuro 2" (1991): "Agora sei porque você chora".

Tradução de CLARA ALLAIN

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