Coleção traz contos do "ideólogo do fiasco" Enrique Vila-Matas

"A felicidade mata, e esses suicidas imitam não o inimitável, mas o inexistente", reflete a protagonista de um dos dez contos de "Suicídios Exemplares", o sexto dos 25 volumes da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas em 13/5.

Em busca de uma saída para decepções e ausências, os personagens tentam dar fim às próprias histórias, mas o destino parece decidido a lhes reservar desfechos alternativos. A alegoria do suicídio acaba, paradoxalmente, por afastar a tentação da morte.

Ao contar histórias de vidas destruídas pela desilusão, o autor transita pelas incoerências dos sentimentos mais íntimos de seus personagens, suicidas líricos que nunca logram se matar.

É assim que atores opacos, que parecem ensaiar suas próprias vidas, buscam uma saída pelos fundos sem nunca alcançá-la, como sombras perdidas em um pesadelo.

A um só tempo autoficcionista e "ideólogo do fiasco", o escritor espanhol Enrique Vila-Matas trabalha como um apologista da vida malograda: sujeitos em via de desaparecer, seus personagens fracassam até mesmo no ato de fracassar.

Como um espião que segue as próprias pegadas, o autor remonta suas desilusões pessoais na tentativa de compreender a natureza humana.

Vila-Matas é considerado pela crítica como um especialista em diluir as fronteiras literárias, contando para isso, muitas vezes, com a própria biografia e seus anseios particulares diante da escrita.

"O essencial é deixar que o leitor projete seu próprio mundo interior sobre o mapa secreto do itinerário moral que aqui mesmo já nasce suicidado", resumiria em entrevista, ao descrever sua obra.

Se os suicídios em seus livros são fadados ao fracasso, o mesmo não se diria de suas experimentações literárias.