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JUSTIÇA
Associação brasileira teme parcialidade em ações contra o banco
Curso da CEF para juízes desagrada mutuários
DA REPORTAGEM LOCAL
O curso de matemática financeira aplicada a financiamentos
habitacionais promovido pela
Caixa Econômica Federal (CEF)
e pela Escola da Magistratura do
Tribunal Regional Federal da
4ª Região (que abrange os três Estados do Sul), na semana retrasada, em Porto Alegre, desagradou
a ABMH (Associação Brasileira
dos Mutuários da Habitação).
A ABMH teme que a relação entre as duas instituições crie um
clima de parcialidade por parte
dos juízes federais na hora de julgar uma ação em que o banco esteja envolvido, diz Anthony Fernandes Oliveira Lima, presidente.
"A CEF não é a instituição mais
indicada para orientar os magistrados, já que responde a mais de
350 mil ações na Justiça."
"Nenhum juiz faz contas em
processos. Sua formação é jurí-
dica e não econômica. Existem
peritos e contadores nomea-
dos em todas as ações para fazer
esse serviço", complementa
Rodrigo Daniel dos Santos, consultor jurídico da ABMH.
Eminentemente técnico
"O curso foi solicitado pelos
próprios funcionários do tribunal
e abordou aspectos eminentemente técnicos", justifica a assessoria de comunicação do TRF,
que admitiu formar convênio
também com a associação de mutuários, "caso a instituição tenha
em seus quadros profissionais de
nível e atuação acadêmica".
Para a assessoria da CEF, o
curso ministrado aos magistrados e serventuários gaúchos "não
discutiu teses jurídicas ou interpretação de contratos e foi pautado pelo respeito ao limite ético
imposto ao relacionamento en-
tre parte e julgadores. Portanto,
não teve a extensão e muito menos a intenção imaginadas pelos
representantes da ABMH".
Para o consultor jurídico da
ABMH, a desconfiança acontece
porque "a própria CEF não respeita a decisão do Supremo Tribunal Federal, que proíbe a capitalização dos juros nos contratos
de financiamento habitacional".
O perito Alcides Marini reforça
que "as planilhas da CEF apresentam erros grosseiros, que vão desde a forma de amortização equivocada ao uso de índices indevidos para corrigir as prestações".
Diante disso, a ABMH revela
que solicitará ao Conselho da Justiça Federal que impeça a realização dos cursos que já estão sendo
agendados para os magistrados
de São Paulo, Recife, Brasília, Pernambuco e Rio de Janeiro.
(NATHALIA BARBOZA)
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