São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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O PREÇO DA VIZINHANÇA

No Rodoanel, especulação provoca aumento de 20%

Promessas de obras podem encarecer o preço de imóvel

DA REPORTAGEM LOCAL

E FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se, dependendo da vizinhança, o valor do imóvel pode cair consideravelmente, é também possível que haja uma valorização causada pela presença de bons vizinhos, como parques públicos e nova infra-estrutura de transportes.
Entre eles, as melhorias relacionadas a novas vias de acesso ou a obras de lazer estão na frente na lista de fatores de valorização. "A construção de novas avenidas, pontes e viadutos são um bom ponto de referência para saber se haverá valorização futura", exemplifica Fábio Rossi Filho, diretor da imobiliária Itaplan.
Rossi cita como exemplo um empreendimento que comercializou recentemente no Tatuapé (zona leste), que fica ao lado de uma unidade da Febem. "Apostamos na provável saída da detenção e na sua transformação em um espaço de lazer. Por isso vendemos a preços mais baixos, mas os compradores esperam valorização de até 20%", explica.
Outro exemplo de especulação em relação a obras públicas é a construção do Rodoanel. Segundo o diretor da Fernandez Mera, Gonzalo Fernandez, a Granja Viana ficou 20% mais cara depois do início das obras do anel viário.
Pensando na valorização com a nova avenida Brigadeiro Faria Lima, a psicóloga Renata Bezerra, 44, decidiu mudar-se para um apartamento próximo da via, no Itaim Bibi (zona oeste). "Alguns apartamentos vendidos por R$ 150 mil há quatro anos custam hoje R$ 200 mil", diz.

Ilusões
Em contrapartida, o vice-presidente do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias e construtoras), Sérgio Lembi, adverte que muitos imóveis são vendidos como "mercados de ilusões". "Só se deve comprar o que pode ser visto, e não o que pode vir a acontecer."
A localização é o apelo mais importante numa transação imobiliária, diz João D'Ávila, da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações. Por isso o consumidor não deve se ater a especulações, tanto para compra como para locação.
Terrenos na região do Carandiru (zona norte), por exemplo, tendem a se valorizar com a desativação do presídio. "Mas existe também o risco de a área acabar ficando inutilizada", afirma D'Ávila.
A região do shopping Anália Franco, na zona leste, é um bom exemplo disso. Por quase dez anos, a obra ficou embargada, mas prédios próximos ao local foram vendidos e supervalorizados.
Do outro lado da cidade, a construção de um shopping, como o de Higienópolis, na região central, apesar de ter mobilizado grande parte dos moradores do bairro contra o projeto, valorizou em até 20% os imóveis em seu entorno.
"Os fatores estudados são muitas vezes distintos: alguns valorizam um empreendimento e desvalorizam outros", diz o urbanista da Urban Systems Fabio Duarte.
O superintendente da Lider, Marcos Magalhães, exemplifica: "Ter uma escola na frente de casa pode valorizar um empreendimento de classe média, mas é péssimo para um alto padrão".
Algumas vantagens, entretanto, são positivas independentemente do imóvel. É o caso de praças, parques e vistas para zonas estritamente residenciais (Z-1).
"Por ter vista para uma Z-1, lançamos um residencial a R$ 2.700 o m2, enquanto outros, a apenas um quarteirão, mas sem essa mesma vista, valem só R$ 2.000 o m2", compara o diretor da Fernandez Mera. (CA E MD)


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