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São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

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Família progride com a evolução do "puxadinho"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em 1988, Osvaldo Dias Pereira, 44, chegou àquele que seria seu novo endereço: uma casa de 22 m2 na rua Pai Nosso, em um conjunto construído pela Cohab a 35 km do centro, chamado Cidade Tiradentes.
Aproveitando a localização "privilegiada" de sua casa, perto do ponto final da única linha de ônibus, começou vendendo salgadinhos. Hoje oferece de tudo um pouco na "bonbonnière" Boa Sorte: leite, ovos, refrigerantes Dolly Cola, pipocas Cristal e salgadinhos Fofura.
Aos poucos, vai ampliando a casa, onde vive com a mulher e a filha. Por conta própria, construiu um "puxadinho" no andar de cima, mas o dinheiro acabou antes que o anexo ganhasse reboco e piso. Lorena, 8, ainda espera ganhar seu quarto. Hoje dorme no dos pais.
Jussara da Silva, 33, mudou-se com os cinco filhos para um apartamento da CDHU há dois meses. Primeiro, viveu na casa de uma tia. Depois, foi morar ao lado de um córrego, em um barraco de madeira. No único quarto dormia toda a família. "Bem atrás tinha um barranco e, a cada chuva, ele ia "desbarrancando", e a parede vinha para a frente", lembra. "Hoje meus filhos não correm risco."
Diferentemente dos vizinhos, o apartamento da CDHU não é o melhor lugar em que Maria Helena Soares, 39, já morou.
Há dez anos, vivia com o marido e as filhas em um apartamento na Vila Alpina, zona leste. Mas o marido adoeceu, a padaria da família faliu, e ela foi perdendo tudo aos poucos: as jóias, os móveis, os eletrodomésticos e, no fim, o marido, que morreu há sete anos.
"Caímos completamente de padrão. Hoje esse apartamento significa o recomeço de tudo."


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